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 Olá a todos e todas!



A crise sanitária, que ainda assola a humanidade, parece que vai terminar mais rápido em alguns lugares do que em outros o que, por si só, é uma característica do capitalismo: Quem pode mais, chora menos.
A tua condição, a tua capacidade está diretamente ligada ao tamanho do teu bolso e como tu faz para preencher este bolso e o que tu fazes com o dinheiro. Quando se discutem governos, este final da última frase "o que tu fazes com o dinheiro" pode ser traduzido como vontade política. 

Se tivéssemos um governo que aceitasse a ciência, não precisava nem entender, bastava aceitar. Isso mesmo, ACEITAR! Mas, como se sabe, não foi que aconteceu. 

Bolsonaro trocou de ministro como alguém que troca de roupa, tratou de divulgar remédios sem a menor serventia ao combate à Covid19, retardou a compra de vacinas além de estar em um mar de denúncias que aparecem nas sessões da CPI da Pandemia que acontece no Senado Federal. A mais recente denúncia de uma propina de 1 dólar por dose de vacina, intermediada por uma empresa localizada em um paraíso fiscal, faz qualquer movimento de corrupção da história recente inclusive a Lava Jato, parecer brincadeira no recreio da escola.

Enquanto isso, mesmo com a pandemia, vemos um movimento contra Bolsonaro e sua política destrutiva, levando multidões às ruas para exigir sua saída. As pessoas mostram sua inconformidade ante toda esta sorte de denúncias contra um governo que diariamente derrete um pouco mais. No mais recente, segundo divulgação de grande imprensa, ocorreram atos em todas as capitais, no distrito federal e mais de uma centena de cidades. Há quem diga que se empurrar ele cai. Será? 

Fica a dica para a reflexão sobre tudo isso que estamos vivenciando e anotem nas suas agendas:

#JCinforma: de segunda a quinta, a partir das 21h, como Pedro Araújo e outro editor (Cláudio Porto, Adriano Garcia, Artur Luiz e eu mesmo) debatem os assuntos do dia.

#BatePapoCultural, sextas-feiras às 20h , eu recebo alguém do cenário da cultura brasileira.

#RedaçãoJC, aos sábados às 15h: Cláudio Porto e os editores debatem os assuntos da semana


Um forte abraço e todos e todas.

Ulisses Santos.






Olá a todos e todas!

Estamos de volta para incomodar mais uma vez vocês com estas mal escritas linhas.



Desde o ano 2000, o Carnaval divide as atenções do público brasileiro com outro evento de forte apelo midiático: o Big Brother Brasil ou, simplesmente, BBB. O reinado de Momo praticamente não ocorreu, muito devido à pandemia da Covid-19.

O reality show, por sua vez, segue a pleno e esta edição, talvez muito por causa da pandemia que faz com que as pessoas fiquem mais tempo em casa, parece estar chamando mais a atenção da população. Alguns diriam que é uma cortina de fumaça para os verdadeiros problemas da sociedade brasileira, no que concordo, porém tem aspectos desta edição que merecem uma reflexão.

O ambiente dos reality shows no estilo BBB permite o surgimento de verdadeiras torcidas que, muitas vezes, parecem não medir esforços no sentido de excluir este ou aquele candidato. No mais recente "Paredão", o humorista gaúcho Nego Di foi eliminado com históricos 98,76% dos votos.

O humorista criou um grupo com outros três participantes que se organizava e planejava votos. Enfim, jogava o jogo. O que fica claro é que as atitudes de todos lá dentro restringem-se, em maior ou menor intensidade, ao jogo, ou seja, o que acontece na casa, fica na casa, parafraseando o filme "A espera de um milagre". O Big Brother parece dividido em micro novelas de sete dias que culminam com a eliminação de um dos participantes. No dia seguinte, tem início um novo capítulo da saga.

Um programa como este pode estimular experiências fascistas, tanto dentro quanto fora do confinamento como quando Lucas Penteado só pôde fazer sua refeição depois de todos os demais participantes e por ordem de Karol Conká. A submissão de Lucas à exigência da rapper curitibana somada a anuência dos demais concebeu a moldura a uma das imagens mais tristes desta edição: a segregação como regra.

O fascismo cresce muitas vezes na ausência de reação daqueles que poderiam ser seus potenciais adversários. Quando se vê, o ovo da serpente chocou e daí...muitas vezes já é tarde. Inúmeras atitudes fascistas tomadas no ambiente do BBB muitas vezes repercutem com força aqui fora. No mais recente Paredão, como já comentei, o humorista Nego Di foi eliminado com um índice inédito de 98,76%.

O maior problema nem foi o índice histórico de rejeição, mas a reação que as tais torcidas do BBB tomam aqui fora. Quando chega-se ao nível de ameaça à familiares do participante é porque perdeu-se o controle sobre as consequências do jogo. É inaceitável que não se perceba que algo de muito grave pode ocorrer logo ali na próxima esquina bastando, para isso, que não atentemos para os sinais que são emitidos. Pode-se perder o controle quando, por exemplo, alguém com milhares de seguidores nas redes sociais faz um um vídeo conclamando a expulsão de determinado membro. A sugestão inicial é de simplesmente votar pela eliminação, porém não se imagina como cada seguidor irá receber aquela mensagem.

Na política brasileira o capítulo mais recente - outra cortina de fumaça no ambiente pandêmico, diriam alguns - diz respeito à prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL/RJ). Depois de publicar vídeos em que criticava fortemente os ministros do STF e defendia a volta do AI-5, o deputado teve sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. É importante que se diga que o mesmo STF foi alvo de sucessivas agressões de uns tempos pra cá, ou alguém esqueceu dos fogos de artifícios jogados sobre o prédio do Tribunal pelos 300, que era na verdade uns 30 ou 40? E a personagem Sara Giromini que, usando nome falso, fez também vídeos com ameaças ao ministro Alexandre de Moraes, que dias depois permitiu que esta ficasse em prisão domiciliar desde que usando tornozeleira eletrônica. Será que os ministros do Supremo Tribunal ainda não se deram conta da real ameaça que está sobre nossas cabeças?

Se bem que esta reação do STF até foi rápida, pois, na média, levam três anos para dar uma resposta além de notas de repúdio, vide o caso do tweet do general.

A pouco foi mantida a prisão do deputado por duas votações que, pelos resultados, não deixam dúvidas: entre os ministros do STF acachapantes 11x0 pela prisão do deputado do PSL/RJ e na Câmara dos Deputados, 364 x 130 contra os interesses de Daniel Silveira  que, desta forma,. permanecerá no confinamento do xilindró.

Algumas perguntas que ficam de tudo isso:

1)Por que os policiais que foram prender o deputado bolsonarista permitiram que ele ainda fizesse um vídeo, enquanto esperavam na sala?

2)Por que o STF demora tanto a reagir aos ataques que sofre frequentemente?

3) A fala do 02 sobre fechar o STF "com um jipe, um cabo e um soldado" até hoje não teve nem nota de repúdio. Se bem, será que já fez três anos?

4) Qual o conteúdo dos celulares encontrados na cela do deputado bolsonarista Daniel Silveira na sede da PF do Rio de Janeiro?

É isso meus amigos e amigas.

Cuidem-se!
Fiquem em casa!
Lutemos pela vacina para Todos e Todas!

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

Olá pessoal!




Dando prosseguimento às entrevistas do projeto "Bate Papo Cultural" começo com entrevista com o vocalista da banda de thrash metal paulista GomorraA, MD. Para (re)ver clique aqui.

Em seguida, recebi o músico e "homem multi-plataforma", Evandro Martins. Nosso entrevistado além de músico, é professor, historiador, geógrafo e psicólogo. Para conhecer a trajetória e aproveitar a conversa, clique aqui.

Na sequência dos acontecimentos, conversei com a cantora gaúcha Adriana Deffenti que contou a sua história e seus planos. Para saber mais, clique aqui.

Outro momento de peso dos encontros do "Bate Papo Cultural" foi a entrevista com o guitarrista da banda de thrash metal Gladiator, Ivan Santos. Publicitário de formação, Ivan contou a história da banda e os shows que a banda tem feito para comemorar o tempo de estrada. Para (re)ver, clique aqui.

A edição #32 do "Bate Papo Cultural" foi com o rocker gaúcho Spades Vandall que contou sobre sua carreira solo e seu tempo a frente da banda Savannah. Spades comentou sobre seus mais recentes lançamentos e como as pessoas fazem para adquiri-los. Se você quiser conhecer este rocker, clique aqui.

O penúltimo episódio contou com a presença de Leandro Sberzesengik, membro da banda de thrash metal Pietá e professor de idiomas (Italiano e Espanhol), Leandro contou sobre a história da banda e como estão os planos da Pietá para 2021. Clique aqui, para aproveitar esta conversa.

Para encerrar a trajetória do "Bate Papo Cultural" em 2020, entrevistei um músico que é referência para as novas gerações: Nei Van Soria. Membro de bandas fundamentais para origem do rock brasileiro (TNT e Cascavelletes), está com uma sólida carreira solo em que utiliza-se muito das plataformas, até por causa da pandemia do Coronavírus. Para conhecer mais da história de Nei Van Soria, clique aqui.

Estas foram as entrevistas feitas com alguns representantes do mundo do rock durante o primeiro ano do "Bate Papo Cultural". Mas temos outras entrevistas que virão por ai que trataram de outros temas.

Fiquem atentos(as)

Abraços,

Ulisses B. dos Santos

Olá a todos e todas!

Na coluna anterior comecei a divulgar as entrevistas realizadas no programa "Bate Papo Cultural", se vocês quiserem (re)vê-las, cliquem aqui.

Nesta sequência das entrevistas do programa "Bate Papo Cultural" vamos dar mais peso à conversa.

Nosso primeiro convidado foi o baixista da banda de thrash metal carioca Hicsos, Marco Anvito e, como nas demais entrevistas você acessa clicando no nome do artista. Em seguida entrevistei o guitarrista Vandré Nascimento que desenvolveu uma técnica para as pessoas aprenderem a tocar guitarra.

O rock que tem uma origem de contestação, por mais que hoje seja muitas vezes só um produto, atualmente temos momentos em que várias bandas são reunidas para ajudar quem mais precisa. Foi nessa vibe que recebi, o produtor Fell Rios que promovia um festival online em benefício de uma entidade que presta antedimentos fisioterápicos (Cerepal). Para assistir a entrevista, clique no nome do produtor gaúcho.

O próximo entrevistado foi o vocalista  da banda de hardcore Ferrolho, Adriano Lamana, seus projetos e o da banda ferrolho, bem como o que pretendem para 2021 está bem explícito nesta entrevista. Para encerrar este segundo bloco de entrevistas deixo com vocês o vocalista da banda de thrash metal gaúcha Panic, Regenero.

Até a próxima.

Abraços,

Ulisses.

Olá, todos e todas!!!


Como vocês já sabem eu comecei esse ano um programa de entrevistas no meu Instagram e, depois de encerrada temporada, coloquei todos os episódios na minha página no youtube. Neste programa as pessoas assim como os assunto eram muito diversificados, porém a maior parte dos convidados eram do mundo da música.

Com a intenção de divulgar mais as entrevistas resolvi por dividi-las em grupos que, como vocês já viram no título esta será a parte 1 dos encontros com rockers.


A primeira entrevista com alguém do universo da música foi o com o líder da banda de thrash metal Leviaethan Flávio Soares Se quiser  (re)ver, clique no nome do artista. Em seguida, conversei com o líder da banda Ultramen, Tonho Crocco e o nome do músico é atalho para o link da entrevista.

Aqui será sempre assim, o link do bate-papo estará no nome do entrevistado para ficar mais fácil de acessar. O programa seguiu com outras entrevistas temáticas que tratavam de outros assuntos como, por exemplo, o movimento e o 20 de setembro (Guerra do Farrapos ou Revolução Farroupilha numa ótima conversa com o professor e historiador Adriano Viaro) ou mesmo sobre arte com o ilustrador Felipe Xavier.

Na sequencia, meu convidado foi um dos tantos músicos cuja trajetória se confunde com a história do rock gaúcho e nacional, ex-Cascavellettes e fundador da Graforréia Xilarmônica, Frank Jorge.

Pra encerrar em alto nível esta primeira parte da entrevistas do #BatePapoCultural deixo vocês com o link da entrevista com Alemão Ronaldo. Aproveite que esta foi só a primeira parte.

Para reforçar, clique no nome do artista para acessar a entrevista.

Um forte abraço a todos e todas,

Ulisses B. do Santos.

Olá a todos e todas!



A grande notícia do dia é que, mais rápida do que a elaboração da vacina contra a Covid19,  a economia brasileira saiu da recessão para o regozijar de todos os envolvidos. Porém e sempre tem um porém...devemos ser atentos aos detalhes pois, como eu sempre digo, o diabo mora nos detalhes.

Durante o auge da pandemia, ou naquele período que determinou-se como sendo seu auge, entre os meses de abril e junho as previsões das autoridades internacionais previam que mesmo países como China e Estados Unidos teriam ao final do ano um crescimento econômico ínfimo e países como o Brasil teriam resultados na faixa de -5,5%.

Vamos fazer uma recapitulação rápida. O PIB brasileiro fechou o primeiro trimestre de 2020, portanto antes de sentir os efeitos da pandemia, em -1,5%. Em seguida, no segundo trimestre com todo o reforço dos efeitos da crise sanitária o tombo foi recorde: -9,6%.

O que se anuncia agora, com certa timidez é verdade, é que a economia fechou terceiro trimestre em 7,7%.  A comemoração do resultado soa pálida pelo detalhe que os comentaristas não estão destacando que este valor robusto se dá cenário negativo acumulado de 11,1% e, com isso, o valor real é de -3,4%. Se -3,4% não significa recessão, eu não sei o que pode significar... basta pesquisar o número de desempregados que não para de crescer, a perda do poder aquisitivo das pessoas, a concentração de renda, o empobrecimento da classe média.

Para entenderem os valores reais da economia neste ano, considerando-se claro os efeitos da pandemia e não esquecendo que, em grande parte, este valor positivo deve-se ao auxílio emergencial e o fato que ninguém usou 600 reais para enriquecer mas para, até onde fosse possível, consumir e com isso, como dizem os estudiosos, "fazer a economia girar", acessem este site:

https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php


A imagem é clara e a informação é oficial. O resultado que temos é de -3,4% até setembro. Resta saber qual foi o resultado no último trimestre deste ano que provavelmente será anunciado no início de 2021 até para não estragar as já combalidas festas de fim de ano. Outra pergunta que fica, a ser respondida pelo ministro Paulo Guedes ou mesmo pelo Presidente Jair Bolsonaro, é se o auxílio emergencial será mantido? 

A pergunta é pertinente uma vez que ps economistas que analisam estes índice de  7,7% do terceiro trimestre afirmam que deve-se em muito ao auxílio de 600 reais.

Abraços a todos e todas!


Boa Semana,

Ulisses Santos.








Marielle Franco 

Jamile Franco   

Raymã

João Pedro Mattos Pinto  

Ágatha Félix 

Evaldo Rosa dos Santos 

Mestre Moa

Douglas Martins Rodrigues

Cláudia Silva Ferreira

Eduardo de Jesus Ferreira

Roberto de Souza Penha

Carlos Eduardo Silva de Souza

Cleiton Corrêa de Souza

Wilton Esteves Domingos Júnior

Wesley Castro Rodrigues

Evaldo Rosa dos Santos

Luciano Macedo

João Alberto Silveira Freitas

Por estes e por aquelas e aqueles que não estão neste triste lista

PRESENTE!

Uso esta coluna para, juntos a todos e todas, denunciar a brutalidade da violência cotidiana contra os negros e negras deste país. Como sociedade temos que dar um BASTA! a este genocídio que está sendo perpetrado contra os negros e negras deste país.

A luta contra o racismo é também e cada vez mais daqueles não negros. Não podemos aceitar como normal que o vice-presidente diga que "com toda a tranquilidade que não há racismo no Brasil."

Em momento algum estou usando esta coluna para ocupar um lugar de fala que não me pertence. Estou sim cerrando fileiras contra o racismo estrutural.

FORÇA NA LUTA CONTRA O RACISMO ESTRUTURAL!

Ulisses B. dos Santos

P.S.: Esta é uma edição extraordinária.


Olá a todos e todas!


O primeiro turno das eleições caracterizaram-se por alguns aspectos que considero relevantes: o fracasso do bolsonarismo, o protagonismo do PSOL, a redefinição do PT enquanto força política.

O FRACASSO DO BOLSONARISMO

Em 2018 o Brasil vivenciou uma onda de extrema direita que levou à presidência da república Jair Bolsonaro. Na onda da sua popularidade, alicerçada por uma providencial facada às vésperas de uma data nacional (07 de setembro), muitos candidatos aos governos estaduais literalmente "colaram" em seu nome e, em muitas cidades saíram de um quarto lugar nas pesquisas para o assento mais importante do Executivo estadual. Dois anos depois, alguns daqueles eleitos na onda bolsonarista tornaram-se inimigos políticos do presidente, como é o caso do governador do RJ, Wilson Witzel que vive um permanente inferno astral. 

O cenário político do primeiro turno mostrou que muitos candidatos a prefeito, de partidos da base de apoio do governo federal, parecem ter resolvido não lembrar desta conexão. Será porque perceberam que a onda de 2018 virou uma marola? E aqueles que procuraram destacar esta ligação derreteram de maneira agressiva. O exemplo mais marcante de derretimento foi a candidatura de Celso Russomano em São Paulo. Se bem que Russomano já vinha murchando muito antes do candidato lembrar à população da capital paulista deste detalhe. A lembrança pareceu só acelerar o processo, a ponto do candidato terminar o primeiro turno em quarto lugar.

Na mesma disputa, a outrora líder do governo Bolsonaro, Joice Hasselman conquistou apenas 1,55% dos votos válidos, enquanto que outro bolsonariista Arthur do Val "mamãe falei" conseguiu tão somente 9,78% dos votos. A este restou como grande conquista ficar a frente de Jilmar Tatto do PT.

O PROTAGONISMO DO PSOL

O grande desempenho, pelo menos nas Câmaras de Vereadores, foi do PSOL que foi ao segundo turno com Guilherme Boulos em São Paulo e conquistou inúmeras cadeiras nas casas legislativas pelo Brasil afora. Uma novidade, apresentada por partidos de esquerda em especial o PSOL, foram os "mandatos coletivos", em que uma pessoa apresenta o seu nome mas aquela pessoa representa outras quatro. Algumas destas candidaturas coletivas lograram êxito e tornaram-se mandatos coletivos.  Outro aspecto deste pleito foram candidaturas identitárias que, muitas elas, conquistaram assento nas Câmaras de Vereadores. Este identitarismo foi representado por representantes LGBTQIA+, mulheres e também indígenas.

A REDEFINIÇÃO DO PT

Muito do crescimento do PSOL deveu-se a ocupação de um espaço que pertencia ao PT que, atacado dioturnamente pela mídia hegemônica viu seu papel se reduzir na disputa eleitoral. Além dos sucessivos ataques, temos a construção de uma senso  comum fortemente alicerçado num sentimento de antipetismo que aparece, inclusive em partidos de esquerda.  Por isso que muitas vezes não me surpreendo com a dificuldade em serem feitas alianças a partir de majoritárias que tenham o PT em um dos cargos. Nestes momentos faz falta Leonel Brizola que não deixaria que determinados nomes sequer fizessem parte do PDT. Mas, os tempos são outros. O PDT nem parece ser esquerda e talvez falte o que cobram do PT: autocrítica.

Outro aspecto a se destacar na trajetória do PT na eleição deste ano foi a escolha equivocada de alguns nomes como o caso de São Paulo com Jilmar Tatto. Apesar de problemas nas majoritárias, o partido elegeu muitos vereadores conseguindo boas bancadas como no caso de Porto Alegre.

Se as eleições municipais servem para entender como a sociedade "vê" os governos estaduais e federal, que já estão na metade de seus mandatos, por outro lado, pode-se dizer que é um preparativo para as próximas eleições gerais. 

Até a próxima,

Ulisses B. dos Santos



Olá a todos e todas!

Tudo bem com vocês?

Por aqui seguimos.


Ainda que seja "chover no molhado" não custa repetir o óbvio: estamos em meio a uma pandemia, algo que não era vivido a mais de um século, e os governos adotam posturas das mais diversas no trato da doença. Ao mesmo tempo, temos uma mudança de narrativa por parte da imprensa que, praticamente nos apresenta uma "pós-pandemia". Aqui no Rio Grande do Sul, uma das redes de tv que, até pouco tempo atrás, tinha em sua programação a #JuntosContraoVirus, de repente suprimiu o aviso. Suprimiu por que a #JuntosContraoVirus ? Acabou a pandemia?

Agora, os governos estaduais e municipais começam a trabalhar o retorno às aulas presenciais nas escolas, da educação infantil às universidades. Algumas escolas particulares já avisaram que não retornarão em 2020 com este modelo de aulas, permanecendo apenas remoto até o fim do ano da mesma forma que alguns prefeitos também fizeram o mesmo comunicado. 

É importante que se diga que alguns prefeitos, especialmente na região da Grande Porto Alegre, já anunciaram que as aulas presenciais não retornarão neste ano e quando um prefeito faz este tipo de decreto, o anúncio vale para todas as instituições no território municipal.

O governo do Estado do Rio Grande do Sul elaborou um sistema de distanciamento controlado, a partir da atribuição de cores (preto/vermelho/laranja/amarelo/branco), saindo-se do vermelho na maior parte do Estado do RS para um misto de laranja/amarelo em um período pré-eleitoral. A pressão pela reabertura das escolas estaduais só aumenta por parte do governo mesmo que algumas questões estejam sem resposta:

*Porque voltar às aulas presenciais se o Governo do Estado disponibilizou uma Internet Patrocinada?
*Porque voltar às aulas presenciais agora faltando poucos meses para o fim do ano letivo?
*Porque as escolas estaduais devem voltar se a maioria das escolas particulares não vai retornar? As escolas públicas tem mais condições materiais do que as particulares?

O Dia dos Professores, 15 de Outubro, deveria ser celebrado num clima mais calmo mas, ao contrário, estaremos sob uma tensão imensa, praticamente sob uma espada de Dâmocles.

São tantas as perguntas além das citadas que daria para ficar escrevendo muito mais do que isso.


Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

Twitter e Instagram: @prof_colorado

Sobre a Coluna

A coluna SobreTudo é publicada  às quintas-feiras.  






Olá a todos e todas!

Em meio a essa turbulência, seguimos...



Durante o momento em que a Lava Jato era notícia seus procuradores viviam sob os holofotes da imprensa como verdadeiros pop-stars, a Operação estava num claro momento de superexposição. Em todos os canais, jornais, revistas, redes sociais. Em qualquer lugar que se buscasse notícia, estava lá, como destaque entre os destaques a Lava Jato. O que deve-se também destacar foi o fundamental papel da imprensa brasileira no sentido de incensar procuradores à condição de ídolos. A neutralidade jurídica já "tinha ido pro espaço" quando foram colocados numa capa de revista o réu de um lado e o juiz de outro. Afinal, juiz tem lado? O papel da grande imprensa durante a Lava Jato um dia deverá ser motivo de uma análise profunda, pois nenhum discurso político se afirma se não houver o apoio midiático.

O papel da imprensa

O discurso, tanto dos procuradores quanto da grande imprensa, resumia-se ao mantra, quase hipnótico de ataque à corrupção. E neste cenário de quase transe coletivo surge ele, aquele que irá nos salvar de todo o mal. o nosso herói, o ultimo bastião defensor da sociedade e paladino da Justiça,: Sérgio Moro.

Quando as ações da Lava Jato começaram a mirar o presidente Lula, seu advogado Cristsiano Zannin era categórico ao afirmar em entrevistas ou nas suas redes sociais que o estava o ocorrendo era exemplo de "lawfare". 

Mas afinal, o que é Lawfare?

Em uma busca rápida, "dando um google", acha-se a definição de que "se refere a uma forma de guerra na qual o direito é usado como arma. Basicamente, seria o emprego de manobras jurídico-legais como substituto da força armada, visando alcançar determinados objetivos de política externa ou de segurança nacional." Podemos entender também como o uso do Direito no intuito de atacar determinado adversário e, com isso mesmo indiretamente, beneficiar outro? Acredito que sim. 

Olhando-se em retrospectiva, podemos notar que as ações da Lava Jato, especialmente aquelas vindas do espaço geográfico que ficou conhecido como "República de Curitiba", tinha o momento certo para acontecer, para virar notícia, para ser manchete. Quantas vezes trechos de delações premiadas foram divulgados nas sextas-feiras?  E lá iam as revistas semanais para as bancas de revistas com suas edições recém saídas dos parques gráficos com a capa ilustrando a referida delação.

Onde entra o conceito de lawfare? A principal acusação contra o presidente Lula referia-se a aquisição de um triplex no guarujá que seria resultado de propina dada por construtora. Alguns detalhes devem ter fugido ao senso comum: nenhuma prova material apareceu que comprova-se a posse do triplex pelo presidente. O que havia era muita convicção.  Este processo do triplex, somado a outros tantos, serviu para, por exemplo decretar a prisão do presidente Lula por mais de um ano em Curitiba.

O que se seguiu foi uma mobilização no intuito de mostrar a injustiça daquele encarceramento. O processo de Lula teve a confirmação de sua sentença pelo TRF4 em tempo recorde e é importante que se diga que em momento algum duvidou-se do resultado, isso tanto devido a celeridade do processo - outro recorde - quanto pela unissinidade do discurso - não havia uma voz discordante naquele grupo de julgadores.
 
O que se percebe agora? Depois de todo o processo, que resultou na prisão do presidente Lula, seu consequente impedimento de concorrer a eleição de 2018 e na vitória de Jair Bolsonaro, vemos uma a uma as acusações consideradas incorretas sendo a mais recente a que diz respeito às palestras dadas pelo presidente. Caso queira ler uma matéria a respeito, clique aqui. A queda de cada uma das acusações tal qual um castelo de cartas apenas corrobora a tese de lawfare defendida pelo advogado Cristiano Zannin. Será que o processo do triplex terá o mesmo destino? Será que devolverão os direitos políticos do presidente Lula? Vamos aguardar..

Alguns dizem que o tempo da justiça não é o mesmo tempo da sociedade. Mas, vamos combinar, esse tempo da justiça tá bem cronometradinho, né?

A  verdade é que o estrago maior já foi feito e ele irá durar, pelo menos, até 2022 ou mais devido ao ovo da serpente que ainda é fecundo e, pelo visto, teve sua casca já rachada.

Sugestão de documentário: "Democracia em Vertigem"


Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

Twitter e Instagram: @prof_colorado

Sobre a Coluna

A coluna SobreTudo é publicada  às quintas-feiras.



Olá a todos e todas!

Como vocês estão?

Por aqui vamos indo do que jeito que dá.



Aqueles que lêem  essas mal escritas linhas já se acostumaram que eu sempre abordo um assunto da semana anterior e nesta coluna não seria diferente, eu iria escrever sobre a censura sofrida por uma equipe de uma afiliada da Rede Globo em cerimônia do Governo Bolsonaro. Deste fato, ficam duas considerações:
1)Porque as demais equipes jornalísticas não se solidarizaram e saíram junto com a equipe que estava sendo privada de exercer seu trabalho. Afinal, isso não é censura? 
2) Por outro lado, deixo aqui uma frase em espanhol: cria cuervos y te sacarán los ojos. 
Na semana passada, tratei de mais um caso de racismo envolvendo Neymar e pergunto se haverá a tomada de consciência do atleta brasileiro a partir de agora. Se você quiser, (re)ler clique aqui

Porém, acabei surpreendido pelo assunto que dá título à coluna.

Hoje pela manhã assisti ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. Antes que alguém venha dizer que esse lugar de destaque é sinal do prestígio do "mito" é importante lembrar que os presidentes brasileiros tem esse privilégio desde a atuação de Oswaldo Aranha, que foi ministro de relações exteriores de Getúlio Vargas, presidiu a primeira sessão especial da Assembléia bem como a segunda sessão ordinária ocorrida em 1947. Estas duas reuniões foram fundamentais para que fosse aprovada a criação do Estado de Israel, com voto do Brasil.

Desde então o (a) mandatário(a) brasileiro sempre abre a Assembléia Geral da ONU, Foi assim com todos, entre os quais podemos citar Collor, Fernando Henrique, Lula, Dilma e agora Bolsonaro. O que muda no discurso é o conteúdo.

E o discurso de Bolsonaro teve um conteúdo que falhou quando tratou-se de um aspecto importante: relação com a realidade. Se não, vejamos. Fica nítida a impressão que Bolsonaro (do mesmo modo que Trump) deixou de negar não só a ciência como agora passa a negar a realidade, ou seja, mente sem nem sequer ficar corado. Seu discurso é rico em significados como, por exemplo, começar por ser importante estar discursando na ONU "num momento é que o mundo necessita da verdade para superar seus desafios", ou seja, ele cria na audiência a expectativa de que irá trazer a verdade na sequencia de seu discurso. Essa passagem não está ali por acaso.

No trecho em que tratou do enfrentamento à Covid19 disse que as políticas de isolamento social, por decisão judicial, eram tarefa dos governadores e que ele ficou apenas o envio de recursos aos Estados. O que ele não contou foi que fomos o único, ou um dos únicos países, que ficou sem ministro da saúde em meio á pandemia e com uma absurda, quase infantil restrição na divulgação de dados sobre a doença. Para quem acha que eu exagero basta lembrar que foi graças a esta postura birrenta do governo Bolsonaro que criou-se um consórcio de empresas de comunicação afim de tabular e divulgar os dados nacionais da pandemia nos diversos estados brasileiros. E, claro, mais uma vez atacou a imprensa ao comentar que tentou-se disseminar o pânico na população através do slogan "fique em casa".  Parece que Bolsonaro vive numa redoma, numa bolha pois, apesar de ter feito uma reverência às vítimas da Covid19 sempre deu a impressão que foi "só uma gripezinha". Aí está mais uma prova. 

Em seguida afirma que salvou o país do caos quando implementou o auxílio emergencial "em parcelas que somam aproximadamente mil dólares". Isso mesmo...mil dólares que, na cotação atual de R$5,40 daria algo em torno de cinco mil e quatrocentos reais.  Uma pergunta rápida: você conhece alguém que tenha recebido algum valor perto disso em auxílio emergencial do governo federal? Pois é...

O que é preciso relembrar às pessoas é que inicialmente, depois da pandemia estar em grande intensidade em meio a população brasileira, o ministro Paulo Guedes sugeriu o auxílio de 200 reais que, depois da discussão no Congresso, a oposição conseguiu elevar para 600 reais e que agora ficará em 300 reais até o fim do ano. Isso sem esquecer os inúmeros problemas com a aglomeração das pessoas que buscavam o auxílio nas agências bancárias. E, evidentemente, que ele não poderia deixar de citar a hidroxicloroquina em seu discurso em mais uma lamentável passagem. 

Outra afirmação de Bolsonaro dá conta é que seu governo defende a aliança com qualquer parceiro, na área de tecnologia, que preze "pela liberdade e pela proteção de dados". Eu nem vou comentar muito...só vou sugerir que as pessoas que estão lendo minha coluna que assistam aos documentários "Privacidade Hackeada" e "O dilema das redes". Está tudo ali, o que menos se tem é proteção de dados e liberdade no meio virtual e, em ambos, o processo eleitoral em que Bolsonaro foi eleito aparece como exemplo de influência do meio virtual. Uma das forças que elegeu Trump em 2016 foi a empresa Cambrigde Analytica e sua ação nas redes sociais. Então não venha dizer que há liberdade nos EUA.  Um das principais frases do documentário "Privacidade Hackeada" é "O direito aos dados são os novos direitos humanos".

Enfim, o discurso de Bolsonaro na ONU foi recheado de inverdades e nos fez passar vinte minutos de vergonha na comunidade internacional.

Sugestão da semana: o documentário "O dilema das redes", no Netflix


Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Sobre a Coluna

A coluna SobreTudo é publicada sempre às terças-feiras.




 Olá a todos e todas!

Tudo bem com vocês?

Por aqui estamos caminhando sempre.

Na semana passada o tema central, que dividiu o mundo em antes e depois foi o discurso do Lula no feriado nacional. Mostrei como as palavras ditas por esta personagem que é relegada a terceiro ou quarto plano ainda pesam. E como pesam. Tanto que motivaram ações de personagens da justiça brasileira na sequência daquela semana. Se quiser (re)ler, clique aqui.

Agora vou tratar de novo sobre aquela chaga que insiste em aparecer entre nós. Vou falar sobre Racismo. Sim, estamos em pleno século XXI e ainda temos que lidar com atitudes racistas em qualquer lugar do mundo. É importante que se diga que nenhum lugar está livre de ser palco de atitudes racistas. 

Pode ser no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos ou em algum país do velho continente e o que vou tratar aqui é o que ocorreu na França, mais precisamente em uma partida envolvendo o jogador brasileiro Neymar.

Vou me permitir não descrever o ocorrido pois até aqui todos e todas já devem ter visto as cenas inúmeras vezes e o que quero tratar aqui é da repercussão do ocorrido e alguns de seus desdobramentos.

Primeiramente é importante destacar que parece que Neymar teve algo entre uma tomada de consciência. Consciência de que é negro e que pode, apesar de viver numa bolha social derivada de sua condição financeira, ser vítima de racismo. Neymar deu-se conta, da pior forma, que não está livre de sofrer atos racistas. O jogador expressou toda a sua indignação em suas redes sociais.

Algumas pessoas, com a intenção de critica-lo, trataram de lembrar que no passado o atleta disse que nunca sofrera com racismo por "não ouvir o que acontece em campo", "por só se preocupar em jogar bola". Precisamos entender que Neymar disse isso há uma década atrás e que naquela época vivia sim numa redoma e sim ele só dava importância para jogar bola. Agora não, agora Neymar cresceu e precisou sofrer um ato racista para amadurecer.  Bem, pelo menos amadureceu. Precisamos saber quais serão os posicionamentos de Neymar apartir de agora. Se irá seguir o exemplo de Louis Hamilton de posicionar-se contra o racismo em qualquer lugar do mundo. 

Mas, e sempre tem um "Mas" em tudo...

O que mais impressionou nas atitudes de Neymar e de Hamilton? Neymar foi expulso e Hamilton será investigado pela FIA se sua atitude, no pódium da mais recente, corrida foi política. Hein? Como?  

Nos programas de debate esportivo alguns apresentadores puseram em dúvida se realmente Neymar sofrera um ato racista de seu adversário, uma vez que não se tem a imagem...tipo vocês queriam o que? Queriam que o cara viesse até a câmera da emissora de tv e dissesse para todo mundo ler os lábios dele os xingamentos racistas?

A verdade é que essa dúvida só favorece o racista pois fica aquela sensação de "Será mesmo? Será que o Neymar não tá exagerando?" É quase como se fosse dito com outras palavras..."Ah. Neymar, deixa de mimimi".

A sociedade tem que parar de "passar pano" para racista. Temos que aprender a punir as atitudes racistas com a força que elas merecem. Quando se duvida do racista está se dando o aval para que continue. Se Neymar vai despertar sua consciência crítica e vai posicionar-se frontalmente na luta contra o racismo só o desenrolar dos meses poderá nos mostrar. Em momento algum me coloquei aqui no lugar das pessoas que sofrem racista. Estou na verdade aqui com sentimento de empatia para com as pessoas que sofrem racismo.

Temos que lembrar todos os dias as palavras de Angela Davis: "Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista."


Livro da semana: "Como conversar com um fascista", de Marcia Tiburi.


Até semana que vem.


Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Olá a todos e todas!  Como vocês estão? Por aqui, vai-se indo...

Na coluna da semana passada discuti a proposta de retorno às aulas presenciais em todos os níveis. A verdade é que quem decide, ou sugere como eles gostam de dizer, pelo retorno das aulas presenciais dá entrevistas via meet, online...de qualquer modo, mas nunca presencial. Todos os grandes eventos no Rio Grande do Sul ou foram cancelados ou serão online. Se é assim com todos, porque as aulas tem que voltar ao presencial? Mas, se você quiser ler mais sobre o que escrevi na coluna, clique aqui.

Desde pequeno sempre fomos acostumados com o sete de setembro e toda a sua simbologia. A história por trás do processo de independência, os símbolos presentes no quadro "Independência ou Morte",de Pedro Américo sempre serviram para ilustrar o famoso "dia da pátria", mesmo que não se entendesse o real significado daquela obra.

Onde está o povo neste quadro?


Mas este ano o sete de setembro mudou de significado. Lula mudou o significado desta data. Em seu último discurso antes de ir para o cárcere em Curitiba, Lula disse algo que, naquele momento, até pareceu pretensioso: "Eu sou uma ideia." Lula estava errado. Lula não é uma ideia...Lula é o tempo, o tempo verbal. Desde o momento que ficou-se sabendo que o presidente Lula iria se pronunciar as pessoas mudam seus sentimentos sobre o que dirá o ex-presidente. Na lenda maia, Lula é um homem de milho esperado por uns com medo, por outros com esperança.

E Lula discursou durante quase trinta minutos. Lula falou sobre a crise da Covid19, a incompetência do governo Bolsonaro. O presidente Lula mais uma vez mostrou uma característica que o torna um pesadelo para qualquer adversário político: o conteúdo de seu discurso. Os adversários devem teme-lo, mais do que teme-lo, devem ter inveja...devem pensar: " Como esse cabra discursa bem!!!"

Lula sabia que as repostas viriam. E elas vieram mais rápido do que ele poderia supor. De um lado, de setores da esquerda, especialmente  no PT as redes sociais vibraram e repercutiram positivamente aspectos e trechos da fala do ex-presidente.

Do outro lado, a resposta veio e em dupla e com claro viés de retaliação. A primeira resposta foi da Câmara dos Deputados em que retomaram a discussão sobre a prisão após condenação em segunda instância. A outra resposta foi a operação da Lava Jato do Rio de Janeiro no escritório de seu advogado, Cristiano Zanin. Fica a impressão que foi uma tentativa dos atores da Lava Jato no sentido de tentar uma sobrevida para a Operação, mesmo depois do acordão "com o supremo, com tudo. Afim de estancar a sangria".

Lula mostrou a que veio, mostrou que está disposta a ir à luta. A verdade é que Lula tem seu destino nas mãos daqueles que ou irão protelar ao máximo e o quanto puderem ou ainda darão resposta contrária aos seus interesses. Se a justiça fosse realmente isenta e justa, deixaria com que Lula voltasse a vida pública para disputar uma eleição. Daí, veríamos do que esta nação é feita. 

Volta Lula, nosso homem de milho!

Livro da semana: "Frida e Trotsky", Gerard  de Cortanze

Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Olá a todos, todas! Como estão? Por aqui, estamos indo...

Na minha coluna mais recente procurei mostrar como, além de sermos uma sociedade doente, optamos pela barbárie. Parece que rompemos com qualquer verniz civilizatório, pelo menos é o sentimento que fica a partir dos exemplos que enumero na coluna. Se você quiser (re)ler, clique aqui.

Porém, muitas vezes, a representação da barbárie não é mostrada como algo bruto ou mesmo violento. A barbárie pode estar na nossa frente, com um discurso suave e simpático, quase convincente, bastando para isso que seja mostrada por uma pessoa, digamos, bem alinhada. Uma das características desta nova barbárie é justamente mostrar-se como algo novo, algo inédito quando, na realidade não é nada além da boa e velha barbárie.

Em meio a pandemia da Covid19, a barbárie apresenta-se das mais diversas formas, desde violência doméstica, que é repudiada de pronto por todos, ou por qualquer pessoa civilizada, até discursos que cogitem, por exemplo, a volta às aulas presenciais em meio a pandemia da Covis19.

Ao contrário de Jair Bolsonaro e sua turma, anti-cientificistas por definição, os governadores que defendem o retorno às aulas presenciais valem-se de argumentos, supostamente, baseados na ciência. Por trás da postura e meio ao discurso percebe-se termos que passam a certeza de estar fundado em protocolos, cuidados com a vida e outras coisas. Uma das palavras mais usada neste tipo de discurso é "protocolo". 

Todos sabemos protocolo pode pressupor método e o método leva, lógico a ideia de ciência. O discurso é colocado com todo o cuidado, sempre deixando algum espaço para o questionamento. Mesmo que este questionamento não leve a nenhum lugar.

No momento em que se propõe reabrir as escolas, com pretenso embasamento científico, coloca-se em risco a vida daqueles e daquelas que fazem o cotidiano escolar: alunos, professores, funcionários e familiares. Aquele governante que defende esta postura, na verdade abrindo mão de qualquer argumento científico, deveria lembrar que entre os familiares, professores e funcionários podem ter pessoas do tão propalado "grupo de risco".

Para concluir uma pergunta: vocês perceberam como a pandemia foi esvaziada de sentido nas últimas semanas e, assim, inserida na lógica do "novo nornal"?

E há quem pense que a Covid19 não tem nada a ver com Capitalismo. Vão sonhando, vão...


Livro da semana: "O fascismo eterno", Umberto Eco. (é fácil de achar em pdf)


Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Na semana passada comentei sobre mais uma atrocidade do governo bolsonaro que estaria no estilo "paz e amor": a superação dos 100 mil óbitos por Covid19. Tragédia que, como tantas, ele minimizou ao afirmar ser "a prova viva que a cloroquina salva". Valei-me! Se você quiser (re)ler, clique aqui.

Optamos pela barbárie quando na tarde daquele domingo (17 de abril de 2016), um deputado inexpressivo, que ganha espaço na mídia pelo caráter caricato, ao proferir seu voto enalteceu a memória de um torturador. No tipo de sociedade que imagino decente, ele sequer terminaria seu voto, saindo preso de imediato por apologia à tortura. Naquele momento rompemos um limite, talvez o mais importante de todos: a partir daquele instante, a sociedade brasileira passou a banalizar a violência no discurso e na prática. Aquele deputado patético, pertencente ao baixo clero, tornaria-se o próximo presidente do Brasil.

Optamos pela barbárie quando banalizamos que uma criança caia do nono andar em um prédio de luxo no Centro do Recife(PE) e tudo caia no esquecimento no momento em que a patroa, que deveria ser presa, pague uma fiança de vinte mil reais, deixando para trás uma mãe devastada pela tragédia. Miguel tinha apenas cinco anos.

Optamos pela barbárie quando glamourizamos programas de televisão que tem como pauta única a tragédia sem meio-termos. Esta opção fica mais evidente quando os apresentadores, na simples sugestão de lançarem-se á candidaturas, descobrem que teriam chances de êxito. Em outros casos, apesar de não se elegerem, passam a influenciar candidaturas e eleitos.

Optamos pela barbárie quando em 2013, no começo de uma crise social e política que resultaria nesta aventura fascista que ocorre na presidência da república, pessoas, que haviam cometido crimes,  eram presas por populares, amarradas em postes e na televisão uma apresentadora bradava: "Tá com pena? Leva pra casa!" 

Optamos pela barbárie quando vemos uma vítima de estupro, com idade de dez anos, passar a condição de condenada por fascistas que exigem que mantenha a gestação. Em nome "da vida". Na vida da criança essas pessoas não pensaram em nenhum momento. Estas pessoas deram-se ao trabalho de ir atrapalhar o cotidiano do hospital em que a menina estava internada. Deste caso, que parece ter sido solucionado uma vez que o tio estuprador foi preso, ficam perguntas: Como a líder dos fascistas soube do nome da criança e do hospital em que estava? Que fonte é essa que ela diz ter no hospital? O que será da vida desta criança tão acostumada com a violência?

Optamos pela barbárie quando damos de ombros para verdadeiras chacinas ocorridas nas periferias, muitas vezes por forças policiais e, em muitos casos, no noticiário as vítimas sequer possuem nomes.

Optamos pela barbárie quando assistimos, sentados em nossos sofás, a líder fascista, que roubou o nome de uma espiã nazista, ser beneficiada pela prisão domiciliar depois de ameaçar um ministro da Suprema Corte. Um detalhe chama a atenção: foi o mesmo juiz que concedeu este privilégio à líder fascista. O que terá ocorrido que nos foge ao conhecimento?

Optamos pela barbárie quando assistimos complacentes um juiz determinar os rumos de uma eleição para logo ali tornar-se ministro do eleito. Este mesmo. agora ex-juiz e ex-ministro, foi defenestrado e caiu no esquecimento. Optamos pela barbárie quando um juiz determina prisão domiciliar para uma foragida da justiça e quando parece que esta decisão foi reparada, vem um ministro do STF e a revoga devolvendo o condenado e esposa para condição de prisão domiciliar. É, pelo visto, tem detalhes nos foge a compreensão. Existem aspectos relacionados ao caso Queiróz  que não sabemos e que diz respeito a muitas pessoas importantes. Pelo menos, dá a entender.

Finalmente, a verdade é que muitas são as razões para acreditar que, entre estes dois conceitos tão opostos, escolhemos aquele que nos agride a sobrevivência, colocando-nos uns contra os outros numa guerra fatricida.

Quando iniciou a quarentena, aqui em casa nos perguntávamos como a sociedade sairia deste processo. De início acreditávamos que sairíamos melhor, pois seria um momento de reflexão interior. Porém, o que se vê com, por exemplo, o aumento de casos de feminicídios é que, para mantermos ainda um pouco de esperança, não sabemos a resposta.

Sugestão de filme:"Caráter", de Mike Vam Diem (1997)

Sugestão de livro: "Fahreinheit 451", Ray Bradbury

Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Olá a todos, todas, e todes! Espero que estejam bem.

No último final de semana, o Brasil chegou ao trágico número de cem mil mortes pela Covid19. Quando fiquei sabendo que havíamos atingido a esta terrível cifra, eu tinha uma certeza: não haveria qualquer demonstração de sensibilidade por Jair Bolsonaro. Lamentavelmente acertei na mosca.
Quando alguém fala em cem mil mortos pelo CoronaVírus podemos imaginar, para efeito de cálculo, um núcleo familiar (e aqui por família entende-se qualquer grupo de pessoas que viva junto) de quatro pessoas. Então, se cada uma destas cem mil vítimas for multiplicada por três teremos trezentas mil pessoas atingidas diretamente por esta tragédia.

Enquanto isso, o presidente segue sua trajetória de infâmia desconsiderando por completo a ciência e fazendo seu discurso a partir da lógica do "nós contra eles".  Em um ambiente que começa a se preocupar mais com o político e menos com a ciência temos um presidente negacionista que passou a enfrentar governadores e prefeitos e no meio deste embate temos a população sofrendo.

Um aspecto que chama a atenção neste cenário que para distópico faltaria pouco é a inércia da população brasileira frente a este quadro social caótico. A notícia de centenas de mortes diárias tornou-se corriqueira, banal e não chama mais atenção das pessoas. Sabermos que a média de mortes da semana ultrapassa as mil não nos comove mais. Sequer uma hashtag para dispor na minha rede social predileta foi criada. Banalizamos a morte. Aceitamos a chacina como normal.

Ah, ia esquecendo de um pequeno detalhe: estes milhares de mortes são SOMENTE da Covid19. Neste cômputo não estão outras mortes ou mesmo acidentes ocorridos nos dia-a-dia.

Bolsonaro e sua gente são culpados por este estado de coisas pois todos nós em posição de enfrentamento contra o outro Costumo dizer que, em muito, a relação do líder político com sua população é de exemplo. Se há um estímulo a empatia, este sentimento se irradia pela população. Mas, se  o exemplo é ruim, acontece o mesmo. Parece ser este último o caso do povo brasileiro e seu presidente. O que vemos é uma irradiação de um sentimento ruim e as pessoas olham para as outras com desconfiança e ódio. Por isso não se importam com a milhares de mortes, só por Covid19, em uma semana. Mas, cada vez mais,  os casos de perdas se aproximam de cada um de nós e amanhã pode ser um vizinho, um amigo, um familiar ou até mesmo um de nós. Aí, lembrando aqui Berthold Brecht, será que farão alguma coisa por nós?

Sugestões da semana:
Filme: "Culpado por Suspeita", sobre o período do Macartismo.
Livro: "Ensaio sobre a Cegueira", José Saramago.

Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Olá a todos, todas e todes! Como vocês estão? Por aqui vai-se indo...

Qualquer governo, independente da ideologia, é sempre motivo de pauta. O governo Bolsonaro é um manancial de pautas pois para qualquer lado que se olhe tem assunto a ser tratado.  A abordagem jornalística do governo Bolsonaro já foi motivo de análise nesta coluna. Na semana passada, busquei um termo na literatura de George Orwell para explicar como vejo este cenário: Novilíngua. Se você quiser (re)ler a coluna anterior, clique aqui. O governo Bolsonaro tem um passado sombrio de relações duvidosas, para dizer o míninimo, e neste passado tem uma personagem que  se destaca: Fabrício Queiroz.

O nome Queiroz já é sinônimo de "rachadinhas" , prática em que o assessor do político recolhe dos funcionários do gabinete todos os meses um percentual do salário, e isso já foi esmiuçado por setores da imprensa. É importante dizer que é uma prática muito comum, inclusive quando ainda nem se tinha um termo para defini-la. 

Fabrício Queiroz era assessor de gabinete de Flávio Bolsonaro e costumeiramente recolhia os valores e efetuava os depósitos (em várias vezes) na conta do então deputado estadual da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Esta prática foi incansavelmente explicada nos telejornais durante meses e isso acontece até os dias de hoje. Porém, em raros momentos, a prática é relacionada à corrupção. Elabora-se, então, um discurso jornalístico que não relaciona o fato concreto "rachadinha" com o conceito geral "corrupção". 

Se voltarmos no tempo, poucos anos, mais precisamente entre 2014/2016 veremos no noticiário político brasileiro uma palavra sendo dita o tempo inteiro: Corrupção. Porque? Por que era notícia as investigações da Lava Jato que, com sede em Curitiba, movimentava o cenário político nacional. Agentes políticos e empresariais eram levados para prestar depoimento e, muitas vezes, saiam já algemados. Expressões como "delação premiada" caíram na boca do povo e eram o mote dos jornais diários e dos programas de televisão.

Aqueles eram tempos em que as investigações e as reportagens eram a respeito de empresários e de suas relações com o então governo federal de Dilma Rousseff (PT). Colar na administração federal o adjetivo da corrupção foi muito fácil. Desta vez o discurso somado ao imaginário fez com que qualquer coisa que remetesse ao Partido dos Trabalhadores fosse sinônimo de corrupção. Deste modo é válido que se note que o uso do termo "Corrupção" na descrição da ação depende de quem seja o agente público envolvido. Como se vê, repete-se a prática da Novilíngua, só que de um outro modo, conforme citado na coluna anterior. A formação da opinião pública passa, obrigatoriamente, pelos diversos meios de comunicação, do rádio até o podcast, de tal modo que a referência ou não da expressão "corrupção" ajuda no desenvolvimento da opinião pública e, por que não dizer, no senso comum.

Voltando agora à questão envolvendo Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz e as tais "rachadinhas", pergunto: Que nome você daria?

Filme da semana: "Boa Noite, Boa Sorte" (2005)

Livro da semana: "Redes de indignação e esperança", Manuel Castells (2012)

Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Olá a todos, todas e todes!


Na coluna anterior tratei da risco bolsonaro e de uma demonstração de como pensa o senso-comum da classe média, Ficou curioso(a/e)? Clique aqui  Mas, como Bolsonaro e sua turma insistem em nos dar pautas vou tratar de outro assunto. Talvez um pouco mais sutil.

George Orwell  publicou em 1949 um de seus clássicos:"1984". Neste livro, o escritor inglês apresenta ao leitor uma sociedade comandada por um governo autoritário que tudo sabe e tudo vê. O governo Bolsonaro nos apresenta uma realidade que muito se aproxima da retratada nas páginas do romance de Orwell. No livro, por exemplo, temos um governo que modifica o significado das palavras para justificar sua prática, o que é definido na história por Novilíngua. Arrisco-me a dizer que estamos vivenciando uma nova etapa em se tratando da Novilíngua orwelliana.

Se ainda temos aqueles lutam, manifestam-se contra a realidade imposta, por outro lado, aos poucos começamos a aceitar uma realidade na qual tudo é relativizado. Aquilo que anteriormente era considerado ultrajante em um  código mínimo de civilidade, agora é tolerado e vai, aos poucos, sendo aceito. No romance do escritor britânico havia um enorme dicionário com os novos significados, na realidade brasileira parece que superamos esta característica não sendo mais necessário apresentar o termo com sua nova definição. Na prática bolsonariana, a novidade é a ausência do verbete no discurso da maioria daqueles que analisam algum fato polêmico envolvendo o governo bolsonaro e sua base de apoio, como será demonstrado neste texto. Todo este cenário começa numa eleição influenciada, pra dizer o mínimo, por um fenômeno típico destes dias virtuais: o disparo em massa de fake news.  Este simples fato, se não tivesse sido tão morosamente investigado, já serviria para impugnar o pleito. Para entenderem melhoro o que foi a eleição de 2018, assistam ao documentário Privacidade Hackeada.

Mas, nada foi feito, tudo foi dado como normal e a vida seguiu.

Em um outro momento, o presidente Bolsonaro passa a considerar a hipótese de normear seu filho Eduardo Bolsonaro, o 02, embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Em outros tempos, a simples sugestão de um presidente da república de nomear um filho como embaixador já seria motivo para os mais agressivos editoriais em jornais e tevês. Mas, no governo Bolsonaro, não foi o que se viu. Tivemos vozes discordantes, sim tivemos, mas é bom que se diga,  muito tímidas. A imprensa, especialmente a grande , a tradicional pareceu fazer uma "ginástica" para justificar a ideia do presidente. Em momento algum chamou-se a coisa pelo nome dela:  Nepotismo.

É claro que, muito provavelmente, deve ter pesado no imaginário daqueles que defenderam esta idéia esdrúxula, o curriculum vitae do moço, a sua experiência: ter sido chapista numa lancheria, ter feito intercâmbio de 6 meses.. Deixo aqui meu respeito a todos e todas chapistas que exercem dignamente esta função. E ficamos por aí. É muita qualificação.

Neste ambiente político em que tudo parece ser possível, e raramente, se dá o nome às coisas, outro fenômeno aconteceu semana passada. O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) distribuiu anéis de prata, à colegas parlamentares para, segundo suas palavras, trazer seus colegas para a bancada que pretende criar "a bancada dos colecionadores de armas". Ao ser confrontado com a perspectiva de ser candidato a presidência da casa legislativa, não negou a ideia, porém disse que os mimos não tinha este propósito. No mandato anterior, os anéis - semelhantes aos distribuídos aos vencedores das ligas estadunidense de baseball e basquete- era de material mais nobre: ouro.

O que impressiona é que o nobre deputado é costumaz em distribuir presentes, todos de gosto duvidoso, aos nobres colegas. Em outras situações foram distribuídos canetas e prendedores de gravatas em forma de arma. Sim., o bom gosto chegou ali e parou. Mais uma vez não vi ninguém chamar isso pelo nome: corrupção. Porque alguém jóias como essas se não quisesse algo de volta mais adiante? Assim, através destes gestos que não são nominados vai-se criando um hábito, uma nova cultura, quase um novo idioma, através do qual o gestos e as coisas mudam de significado.

Livro da Semana: "1984", George Orwell

Filme da Semana: "1984"

Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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Olá a todos, todas e todes!
Tudo bem com vocês? Como vocês estão?
Por aqui vai-se indo...

Na semana passada fiz um comentário sobre aquele grupo social que, apesar de viver de salário e vender sua mão de obrar, não se considera trabalhador. Aquele grupo que sempre que se olha no espelho o que vê é um burguês que não é admitido na burguesia apesar de tanto admirá-la: a classe média. Nesta semana que passou tivemos outro exemplo de como age a classe média, mas vou tratar disso mais adiante. Para ler a coluna anterior, clique aqui.


Uma das características do fascismo é o anticientificismo, muitas vezes, disfarçado de ciência.Pois é justamente o que demonstra o presidente Bolsonaro desde o início da pandemia do Coronavírus. Todos os especialistas avaliam que, pela ausência de medicamento para o tratamento da Covid19, o ideal é o isolamento social, a chamada quarentena.

Muitos países que não adotaram essa prática sofreram, e estão sofrendo, com centenas de milhares de mortes.Contrariando os especialistas, Bolsonaro afirma e repete o que parece que só ele sabe: os remédios para combater a doença são a Cloroquina e a Hidroxicloroquina.

Depois de quatro meses de crise pandêmica, em que desobedeceu diariamente o isolamento social e, desta forma, deu o exemplo seguido cegamente por seu rebanho - gado?, Bolsonaro seguiu dizendo que a solução para a doença estava nos remédios citados e para reforçar sua liderança fez o que todos consideravam improvável: depois de realizar um terceiro exame para saber se estava com a Covid19, anunciou que dera positivo e que começaria o tratamento com Cloroquina.
Além de (auto?)medicar-se, o presidente fez vídeos em que consumia comprimidos do remédio e reforçava a ideia do tratamento dizendo "Estou me sentindo muito bem." Um detalhe, ou a sua falta, chamou a atenção dos mais atentos na platéia: em momento algum apareceu o médico particular do presidente - ele tem,né?- para dizer que receitara o dito remédio ao presidente. Será que algum médico poria em risco seu registro no CRM - Conselho Regional de Medicina - por um capricho do presidente?

Depois de insistir no teatro da Cloroquina, Bolsonaro abandonou o tratamento e veio a público não indicar a medicação. É bem verdade que enquanto esteve fazendo uso do medicamento, o presidente fazia, pelo menos, dois eletrocardiogramas diários. O que, convenhamos, é possível na realidade de qualquer brasileiro da periferia à burguesia industrial. (notaram a ironia?).
O que aconteceu foi que o Ministério da Saúde entrou em cena e sugeriu ao Instituto FioCruz que indicasse aos médicos a sugestão da prescrição dos referidos medicamentos. Vocês tem ideia do que isso pode significar para uma instituição com o prestígio da FioCruz? Imaginem o que pode significar para a instituição este tipo de solicitação vinda do Ministério da Saúde? Aguardemos os próximos movimentos do governo Bolsonaro nesta área.

Outra pergunta que fica é até que ponto pode ir a interferência do governo Bolsonaro na instituição. Isto é o anticientificismo bolsonarista disfarçado de ciência.

A semana não poderia terminar sem mais uma demonstração de como age e pensa a classe média. Depois do "Cidadão não, engenheiro formado..." foi a vez do desembargador "Decreto não é lei", "Não uso máscara." A arrogância daquela criatura é típico de alguém que se coloca acima do bem e do mal. A impressão que fica é que estamos mal, muito mal. Do jeito que a coisa vai, não sei sabe que tipo de humanidade sairá desta pandemia..
Até semana que vem.

Saudações,

Ulisses B. dos Santos.

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