No País em que tudo
parece ser culpa da corrupção, a economia mostra sinais pífios de crescimento
com direito a comemoração da mídia, que naturaliza tudo, e Força-tarefa contra a
corrupção também tem seus esquemas (hahaha)
Ainda era a primeira década dos anos 2000 – finalzinho, para ser exato – quando aprendi que o Produto
Interno Bruto, o PIB, é a soma de tudo o que foi produzido no País em determinado período e que ele dita os
caminhos da economia. Serve como termômetro para as decisões econômicas do
governo. Quando em alta, o PIB é sinal de que estamos indo bem e
que devemos manter as políticas econômicas, geralmente atreladas ao
desenvolvimento industrial e social do País. Quando em baixa, apresentando
resultados pífios, que rondam a base, o zero por cento, o PIB é alarme e convocação para mudanças nas escolhas econômicas. Em
crises, como a camuflada com tons de certa “normalidade” e que tentam emplacar
como já encerrada como a que estamos passando, os resultados do PIB sofrem muito e com isso apresentam
maior volatilidade.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Sob os comandos do (des)governo, a grande mídia entregou-se
por inteira. Em troca de algumas migalhas de publicidade, ela diz que o agronegócio
que mais consome agrotóxicos no mundo “é pop”, reproduz que a precarização nas
relações trabalhistas não é mais que “modernização”, aterroriza com falácias do
tipo que a aniquilação de direitos previdenciários é necessária para evitar o “colapso”,
e comemora, como nunca antes, pífios movimentos – nem sempre de crescimento –
no PIB. Se em junho poucos entendiam
a euforia da mídia em comemorar, em suas muitas capas de jornais e portais de
notícias, o 1% de crescimento no 1º trimestre do ano, puxado pela agricultura e
sua safra recorde, agora, com a divulgação de um crescimento ainda mais inócuo
de 0,1% do PIB neste último
trimestre, a alegria estampada nas faces midiáticas são ainda mais
incompreensíveis, ou melhor, talvez vergonhosas, considerando os muitos
assuntos que poderiam – de longe – render mais e estampar as mesmas capas de
jornais e portais de notícias. Estamos na iminência de aprovar uma dita “reforma
da previdência”, acabando com ainda mais direitos, novamente sem a devida
discussão, o corpo ministerial segue instável e suscetível a mudanças, sem
critérios, única e exclusivamente como contrapartida a aprovação da proposta de
alteração na Previdência Social, e advogado da “empreiteira que mais subverteu
a classe política deste País” – a Odebrecht esquecida após a divulgação da “Listado Fachin” (clique!)- expondo esquema de capitalização com delações na operação de investigação
mais aclamada por parte considerável dos brasileiros, a Lava Jato – aquela que “só lava por fora”, pela professora Virgínia
Fontes. Enfim, assuntos não faltam às capas de jornais e para comentários dos
ditos analistas políticos.
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PIB. A euforia
vergonhosa e descarada envolta do crescimento de 0,1% do PIB naquilo que o (des)governo considera “retomada do crescimento” - e a mídia propaga como sendo mesmo -, só não
é vista como mais uma, das muitas, cortinas de fumaça por aqueles que não querem
enxergar assim.
O mesmo IBGE que divulgou o crescimento – quase sem
crescimento – do PIB no último
trimestre, trouxe números nada animadores para o grosso da população
brasileira. Assim como já tinha apontado a filial brasileira da ONG britânica Oxfam, a Oxfam Brasil, no levantamento “A Distância que nos Une” (clique!), o IBGE corroborou
com o visível aumento, mais que significativo, no campo da desigualdade social
e econômica entre as camadas da sociedade brasileira.
Os brasileiros da Oxfam
Brasil, em setembro passado, num “retrato das desigualdades brasileiras”
(acesse aqui), apresentava o Brasil como “um
dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de renda. Mais de 16
milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.”
A Oxfam Brasil ainda
foi responsável pela manchete de que os “seis
maiores bilionários do País [ao mesmo tempo em que 16 milhões de
brasileiros estejam abaixo da linha da pobreza e 3,6 milhões de pessoas
entrando neste grupo até o final deste ano, de acordo com projeções do Banco
Mundial] possuem riqueza equivalente à de
metade mais pobre da população.”
Além de corroborar todos os pontos trazidos pela ONG, a Pnad
– Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - do IBGE, divulgada na
semana passada, aponta para o mesmo caminho de desigualdade absurda. Segundo o
IBGE, 10% da população concentram 43,4% dos rendimentos do País, sendo que 1%
da parcela de maiores rendimentos ganha, mensalmente, pouco mais de 27 mil
reais, quando metade – 50 por cento - do grupo de menor renda recebe 747 reais
ao mês. Isso, num País em que a taxa de desemprego chega a 12,2% - quase 13
milhões de pessoas –, sendo o pior índice para a série iniciada em 2012, e 1 milhão
de crianças, entre 5 e 17 anos, estão envolvidas com trabalho infantil.
Infelizmente, o levantamento ainda traz as absurdas
diferenças entre grupos de cores diferentes - renda de brancos é 45% maior que
os de negros – e entre os gêneros – homens preenchem 57,6% dos postos de
trabalho no País, ganhando 22,9% a mais que as mulheres.
Para o (des)governo, que reajusta a gasolina quase que a
cada minuto, força famílias a usarem fogão à lenha – há lugares comercializando o botijão por 100,00 reais – (clique!), corta benefícios sociais como a “Farmácia Popular” (clique!)
e compromete dependentes do salário mínimo– a promessa era de 969 reais para o
salário mínimo 2018, mas só vão dar 965 reais - , a economia está sendo
retomada e, com apoio da grande mídia, que prefere engrossar o coro desgovernamental,
encerramos um ano em que não tivemos nada a comemorar, já que a ordem foi - e é
- retirar direitos.
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Previdência. Num
final de ano que beira a anormalidade no Congresso - já que os nossos
parlamentares, geralmente, antecipam o que eles chamam de “recesso parlamentar” -,
o texto da reforma da previdência deve ser votado no plenário da Câmara ainda
neste ano, mesmo que seja preciso sacrificar alguns dias do recesso, que inicia
no próximo dia 22.
A cúpula do (des)governo busca emplacar a reforma, ao menos
na Casa dos deputados federais, ainda neste ano. Mas tem encontrado dificuldade
em reunir os 308 votos necessários para o prosseguimento, após votação em dois
turnos, da pauta que, assim com o todo o (des)governo, é impopular e fragiliza
qualquer chance de reeleição dos parlamentares envolvidos.
O (des)governo, através de seu ministro-chefe da casa-civil,
o investigado Eliseu Padilha (clique!), tinha planejado a primeira votação em plenário
para a próxima quarta-feira (06), mas, por falta de votos – o (de)governo come na
mão de sua dita base -, não deve andar nesta primeira semana de dezembro.
Contraditoriamente, a falta de votos na Câmara para a
aprovação da reforma não apenas fez o (des)governo aguardar para colocá-la em
pauta, mas também, por forças inexplicáveis daqueles que coordenam as frentes
na luta – os muitos movimentos sociais organizados -, suspendeu um dia, já agendado
para a próxima terça (05), dedicado a reforçar que a população brasileira não
considera as imposições de um (des)governo corrupto e impopular. A “Greve Geral”
muito bem programada para a terça (05), incompreensivelmente foi desmarcada pelas
lideranças sindicais – que tinham agitado pelo movimento - por conta da falta
de voto e, consequentemente, a retirada de pauta da reforma na Câmara.
No momento em que as pessoas estavam animadas por um dia
todo dedicado à luta contra aquilo que os tem ferido cada vez mais intrinsecamente,
os organizadores, aparentemente, preferiram negociar – talvez até mesmo com o
(des)governo, na figura de Paulinho da Força – para barganhar outros interesses,
como o retorno do imposto sindical obrigatório, e não a revogação da recém
reforma trabalhista ou, agora, impedir a tramitação da reforma da previdência. As
velhas negociatas.
Ministérios. Um
dos pontos que têm empacado o andamento da reforma da previdência na Câmara
após o arquivamento de duas denúncias por crimes comuns contra o presidente
Michel Temer, são as negociatas com o “Centrão” – criação do deputado cassado e
preso Eduardo Cunha, é a união de partidos pequenos e sem expressão -, que só
apoiam Temer e sua agenda em troca de ministérios e cobram a saída dos tucanos
do (des)governo.
Com Carlos Marun (PMDB-MS), do “Bope” de Temer, já encaminhado para a Secretaria de Governo no lugar de Antônio Imbassahy (PSDB-BA), e Alexandre Baldy (PODEMOS-GO) já comandando o Ministério das Cidades (clique!), o “Centrão”
aguarda a difícil saída de Aloysio Nunes (PSDB-SP), das Relações Exteriores, e
Luislinda Valois (PSDB-BA), do ministério dos Direitos Humanos, para analisar
se vale ou não condenar à candidatura a reeleição no próximo ano, mostrando-se
aliado do (des)governo em mais etapa de retirada de direitos que tem se tornado
as ditas reformas.
Outro ponto que retardou o avanço da reforma da previdência
foram as denúncias, protocoladas pela Procuradoria-Geral da República, contra o
presidente Michel Temer por crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e
formação de organização criminosa. Elas tanto atrasaram a reforma da
previdência - se aprovada ainda este ano, levando em conta seu grau de
importância e comparada com a outra reforma, a trabalhista, não foi minimamente
discutida -, como também mostraram que os parlamentares, o Judiciário
brasileiro e a mídia realmente se “abraçam” quando a causa é atrasar o
desenvolvimento de um país, colocando em prática suas ideologias, mesmo que
para isso seja preciso arquivar processos ou absorver corruptos de serem
investigados.
Moro. O “abraço”
é coletivo e em todas as esferas. Rodrigo Tacla Durán, advogado da Odebrecht
entre 2011 e 2016, participou da CPMI da JBS,
dos empresários presos Joesley e Wesley Batista, e relatou como funciona um
esquema de capitalização, ou seja, troca de favorecimentos e valores da
operação Lava Jato, capitaneada pelo
juiz federal da 4ª Região, Sérgio Moro de Curitiba.
Entre seus comentários, o advogado menciona que parte do
esquema compreendia em reduzir a multa cobrada pelos integrantes da Força-Tarefa aos delatores, induzindo-os a reproduzir versões pré-definidas de
delação com crimes que nem sempre tenham sido eles os responsáveis e, algumas,
com menções a pessoas que, de fatos estão sendo investigadas, mas que não
necessariamente estiveram em contato com o delator.
Rodrigo Tacla Durán, considerado foragido pela força-tarefa
brasileira estando na Espanha, já tinha citado a figura do advogado Carlos
Zucolotto Jr. como um dos participantes no esquema de Curitiba. Zucolotto é
amigo e padrinho de casamento de Sergio Moro e, de acordo com o ex-advogado da
Odebrecht, ele era quem tentava fechar um acordo com vantagens financeiras
absurdas – a princípio a multa seria de 15 milhões, mas depois que Zucolotto entrou
nas negociações, o valor caiu para 5 milhões de reais e a delação assinada.
Após as declarações de Duran na CPMI da JBS, temendo que o juiz seletivo Sérgio Moro viesse a sofrer
ataques nas redes sociais, a mulher dele, Rosângela Moro, que tinha prestado
serviços para o escritório de seu também amigo Carlos Zucolotto Jr., decidiu não
atualizar mais a página “Eu MORO com ele”,
no Facebook.
O juiz Sérgio Moro, não diferente, seja quando é aprovado algum
projeto impopular em Brasília, ou, como no caso, um problema pessoal torna-se
destaque, recorre à velha tática de lançar alguma de suas muitas cortinas de
fumaça, sendo todas elas relacionadas à figura do primeiro presidente de origem
popular eleito por este País, Luiz Inácio Lula da Silva.
No dia seguinte as declarações de Duran, na sexta (01), o juiz que confunde capoteiro com banqueiro (clique!) suspendeu o sigilo do depoimento de Gerson Almada,
ex-vice-presidente da construtora Engevix,
contra o ex-presidente Lula, num processo que ele, nem mesmo, ainda acatou.
Gerson Almada diz em depoimento, de maneira genérica, que negociou
uma conta bancária para Zé Dirceu na Espanha e essa conta, adivinhem, seria para
esconder os valores referentes a pagamento de propina da construtora com o
ex-presidente.
E a propósito: o juiz Sérgio Moro perdeu alguns pontos percentuais
de credibilidade na última pesquisa Datafolha,
divulgada na edição de domingo (03) do jornal Folha de S. Paulo. De acordo
com o levantamento, somente 23% dos 2.765 entrevistados votariam em um
candidato indicado pelo juiz contra 29% que seguiram a indicação do
ex-presidente Lula, o mesmo que ele tenta imputar o título de maior corrupto
da história do Brasil, quando sabemos que existem muitos outros, alguns capazes
de sentar ao lado do próprio magistrado e, por que não, gargalhar juntos.
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