Olá fãs da velocidade! Voltamos nesse final de semana para falar sobre o Grande Prêmio dos Estados Unidos, realizado mais uma vez no interessantíssimo circuito das Américas, na cidade de Austin, no Texas. A Liberty Media fez seu show antes das luzes se apagarem, e depois da largada, quem tratou de brilhar na terra dos Yankees foi Lewis Hamilton, que dominou a prova e deixou o caneco pra lá de encaminhado para o GP do México, daqui a uma semana. Mas foi atrás dele que a briga rolou solta: ultrapassagens, toques e muita polêmica cercaram o GP estadunidense. É amigos, temos muito o que conversar sobre essa corrida...



Já na largada, destaque para a excepcional arrancada de Sebastian Vettel, que mesmo do lado sujo da pista, partiu extremamente bem e contornou a primeira curva à frente de Hamilton. Logo atrás, Bottas e Ricciardo travaram boa briga pelo terceiro lugar, enquanto Räikkönen era superado por Esteban Ocon, que assumia o quinto posto.

Uma primeira volta limpa, sem grandes problemas para o pelotão, exceto à Nico Hülkenberg e sua Renault amarela. Algum problema mecânico acabou lhe causando o abandono prematuro, já no segundo giro. O que torna a situação um pouco mais preocupante é que Nico estava testando componentes que seriam usados no carro de 2018 da montadora francesa. Sinal de trabalho longo pela frente...

Enquanto Vettel resistia à frente de Hamilton, dando um pouco de esperança aos ferraristas presentes no circuito (lotado, por sinal) Ricciardo investia pesado em cima de Bottas, que jogou duro para manter o terceiro lugar. Por duas vezes, ambos contornaram lado a lado parte da sequência de esses após a reta de largada, momento lindo para o os amantes de velocidade! No final, acabou por triunfar a boa técnica de Bottas, que manteve o terceiro posto e viu Ricciardo tendo que olhar no retrovisor e preocupar-se com Kimi Räikkönen, cada vez mais próximo.

Daniel Ricciardo, Valtteri Bottas, Circuit of the Americas, 2017
E enquanto tudo isso rolava, Max Verstappen vinha lá do fundo, enfileirando quem quer que aparecesse na sua frente. Em poucas voltas, levara a Red Bull à zona de pontuação, e deixava claro que queria algo a mais naquela tarde...

Quem também queria algo a mais era Lewis Hamilton, virtual campeão de 2017. O inglês sentiu que tinha carro e partiu pra cima de Sebastian Vettel, que não teve como defender o ataque no final da reta oposta. Grande manobra de Lewis, que logo impôs seu ritmo e disparou na ponta.

Bottas seguiu fazendo um bom trabalho na terceira posição, e Ricciardo começava a sofrer com o forte desgaste de pneus. Foi então que a Red Bull optou por antecipar a parada e colocar o australiano em uma boa posição para tirar a diferença. O plano até poderia ter funcionado, não fosse uma falha no motor Renault do carro #3, que acabou por encerrar o domingo para Daniel.
Algumas voltas mais tarde, outra vítima do motor foi Fernando Alonso, que vinha em excelente corrida com sua McLaren Honda. Restam ainda mais quatro corridas de calvário para o espanhol e seu carro #14 movidos pelo propulsor japonês, que mesmo depois de três anos, não mostra sequer um traço do que se esperava. Mesmo não sendo lá aquela maravilha em termos de confiabilidade, estamos vendo o que a Renault vem conseguindo aprontar nos últimos GPs, e com um chassi de qualidade, podemos seriamente imaginar uma McLaren de volta ao pódio já em 2018. É esperar para ver...

Carlos Sainz Jnr, Renault, Circuit of the Americas, 2017Falando em Renault, há que se destacar o excelentíssimo trabalho de Carlos Sainz. Mesmo saindo do meio do pelotão, o espanhol (que chegou nessa semana para trabalhar na Renault), escalou o pelotão brilhantemente, incluindo uma senhora ultrapassagem sobre Sergio Péreze sua Force India Mercedes. Àquela altura, já ocupava o sétimo lugar, se aproximando cada vez mais de Esteban Ocon. Um duelo da futura geração da Fórmula 1, que certamente está em grandes e habilidosas mãos!


Enquanto o pau comia no meio do grid, a disputa que parecia definida nas primeiras posições voltou a pegar fogo. Bottas não conseguiu escapar de Kimi Räikkönen, ao passo que Vettel também diminuía de ritmo. Max Verstappen já ocupava um sólido quinto lugar, e ao que parecia não dava pinta de realizar outro pit stop. Ninguém era de ninguém, restando 20 voltas para o fim. Menos, é claro, o líder absoluto, Lewis Hamilton...

Enquanto Massa se virava para levar sua Williams cada vez mais decadente ao nono lugar, Verstappen surpreendia à todos e entrava para os boxes restando pouco mais de 15 voltas para o fim. Imediatamente, a Ferrari reagiu e chamou Sebastian Vettel, que voltou poucos metros à frente do holandês. Bottas era agora segundo, com Räikkönen babando no terceiro lugar.

Se esperava uma segunda parada de ambos os finlandeses, o que não ocorreu. Isso só favoreceu ainda mais a tranquilidade de Hamilton, que pôde poupar seu equipamento e dirigir tranquilo para a vitória.
Experiente e calculista como sempre, Räikkönen se manteve na cola de Bottas, esperando que Valtteri cometesse o mínimo erro para tentar a manobra. E não deu outra: já prejudicado pelo desgaste de pneus, Bottas saiu mal na curva que antecede a reta oposta, Kimi pegou o vácuo e assumiu a segunda posição, abrindo leve vantagem para o compatriota.

Bottas sabia que Vettel ainda tinha condições de atacar, e tentou forçar o ritmo. O finlandês novamente cometeu muitos erros na redução e re-aceleração nas curvas, sofrendo uma linda ultrapassagem do alemão na curva 1, enquanto ultrapassava o retardatário Stoffel Vandoorne. Pouco tempo depois, foi a vez de Verstappen completar o serviço, e jogar Valtteri para o quinto lugar.

Valtteri Bottas, Mercedes-Benz F1 W08  and Daniel Ricciardo, Red Bull Racing RB13 battleÉ claro que a análise não tem que se restringir apenas as ultrapassagens sofridas por Bottas. Os pneus mal conservados ajudaram muitos os adversários, porém não há como não cobrar uma melhora no desempenho do finlandês, e não somente com relação a Hamilton. Hoje, Bottas foi o último das três grandes equipes, e em nenhum momento mostrou um ritmo de corrida equivalente à Red Bull ou à Ferrari. Dá a impressão que Bottas não se adaptou ao carro Mercedes, não acertou a mão no setup. Não é falta de talento, afinal Valtteri sempre dá caldo nas disputas por posição. Talvez seja mesmo a falta de experiência com o bólido, sempre lembrando que esse ainda é o ano de estreia de Valtteri na Mercedes. A temporada 2018 deve definir muita coisa no destino do finlandês, e é bom que Bottas esteja a altura do que se espera.


Já nas voltas finais, tivemos o ápice, o ponto alto de todo o fim de semana. Mesmo o jogo de equipe da Ferrari para colocar Vettel no segundo lugar (um tanto inútil a essa altura do campeonato, diga-se de passagem), tivemos briga pelo pódio, e nela, a grande polêmica da corrida. Verstappen forçou tudo o que podia pra cima de Räikkönen na última volta; mas o finlandês, esperto, se defendeu muito bem, fechando a porta para o holandês. Foi aí que então, nas últimas curvas do circuito, Max resolveu colocar por dentro em meio a curvas de alta, numa manobra pra lá de arrojada. Numa das pernas da curva, Verstappen passou com as quatro rodas além da zebra, na parte pintada de vermelho. Na hora, ninguém viu, e o que houve foi uma comemoração extasiada nos boxes da Red Bull, com o menino prodígio conseguindo um pódio após largar na P16.

Foi então que, já na sala que antecede o pódio, Max foi avisado que a manobra foi considerada ilegal e retirado do pódio, graças a uma punição de cinco segundos. Curioso que, no GP do México do ano passado, Max sofreu a mesma dor, sendo retirado do pódio instantes antes da cerimônia.

Sobre o ocorrido: temos que esquecer dessa história de que 'um erro justifica o outro'. Limites de pista são sempre limites de pista. No replay, é possível ver que Max cruza as quatro rodas além da zebra, o que caracteriza o ato de 'cortar caminho' e ganhar uma vantagem. A meu ver, a punição é justa sim, e inclusive poderia ter acontecido mais vezes durante a prova. É também fato inquestionável que essa regra é muito, mas muito mal especificada pelo regulamento, e dá brecha para muitas interpretações. A questão da sinalização dos limites de pista é certamente um ponto que precisa ser revisto para os próximos anos, e cá entre nós, é até simples de ser resolvida. Enfim, que sirva de aprendizado para a FIA e que esse assunto possa ser superado rapidamente.

Voltando à corrida, a vitória de Hamilton o deixa a poto de erguer o título mundial no circuito Hermanos Rodríguez, já na próxima semana. Com 63 pontos de vantagem sobre Vettel, é praticamente seguro afirmar que Lewis Hamilton é o novo tetracampeão mundial da Fórmula 1!
E antes de encerrar, cabe destacar menções honrosas para Esteban Ocon, num brilhante sexto lugar; Carlos Sainz e sua estreia estrondosa pela Renault, e porque não e boa corrida de Daniil Kvyat, que depois de dois GPs de molho, voltou somando mais um ponto com o 10º lugar.

Nos construtores, a Mercedes confirmou o tetra campeonato mundial, somando 575 pontos contra 428 da Ferrari. Um pouco mais abaixo, a Renault ultrapassou a Haas, chegando a 48 pontos contra 43 dos norte-americanos (que tiveram um desempenho discreto no GP local). Os franceses miram agora a Toro Rosso, que soma 53 pontos ganhos.

Confira a classificação do GP dos Estados Unidos:

Por hoje é só pessoal, nos vemos semana que vem! Abraços e até a próxima!!
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Ricardo Machado

Um sonhador, que anseia por deixar sua marca no mundo. Apaixonado por automobilismo, futebol, letras e pelas tardes frias e chuvosas de inverno.

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