Ele voltou...
O hiato não o fez perder o brilhantismo em compor e cantar,
e, muito menos, abalou seu espírito de manifesto. À revelia dos mais
desafortunados, os recentes desmandos governamentais alimentaram o credo de que
as instituições, antes tratadas como inabaláveis, são frágeis e, impostoramente,
necessitam de reformas para continuarem, agora mais do nunca, mantendo o
bem-estar das pérfidas alianças.
Mas ele voltou. Com o seu Tua Cantiga, o Julinho da Adelaide, no período de Ustra,Geisel e
Costa e Silva, ou Chico Buarque de Hollanda
abriu mão do tempo sabático ( sem lançamentos desde 2011) para, sob o romantismo ardente da paixão, convocar-nos
a estarmos a disposição da democracia, mesmo quando o “vigia se alvoroçar”.
Patrono de Cotidiano,
Pedro Pedreiro, Cálice entre outros lirismos, Buarque vem com Tua Cantiga no mais esquizofrênico dos
momentos: quando se revoltam por mudanças em PIS/CONFINS e brincam de “pique-esconde” com
as desigualdades latentes. Aliás, “pique-esconde” que se limita a pejorar a
luta por direitos e contra a desigualdade de vitimização ou de parte de um
programa ideológico-partidário.
Tua Cantiga é um
canto a democracia que, em tempos, anda desacreditada e, por conta de um “desalmado”, chorosa “deixa cair” o lenço no aguardo do
impulso democrático capaz de largar mulher e filhos, e de joelhos segui-la.
É Chico sendo Buarque desde sempre.
Uma grande notícia, vem coisa boa por aí, o que anda em extinção.
ResponderExcluir