Em nome da governabilidade e tentando abafar a estampada crise institucional, STF volta atrás e decide não afastar Renan Calheiros


As duas ultimas semanas ficaram marcadas pelas vitóriasexpressivas da corrupção. A impunidade nunca esteve tão desinibida como vimos nos últimos dias em Brasília. Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, é réu no STF e por estar na linha sucessória à presidência da República, os regulamentos pedem que ele seja imediatamente afastado do cargo. Respeitando as regras, o ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, ordenou que Renan fosse afastado da presidência do Senado até que seu processo fosse julgado. Porém como a ordem foi emitida como uma “decisão liminar” o afastamento foi provisório e dependia do apoio dos outros ministros para ratificar a decisão do ministro. Imaginávamos que diante de todos os fatos que incriminam Calheiros, o plenário do STF acompanharia o Marco Aurélio e afastariam o presidente do Senado. Mas não foi o que aconteceu. Na ultima quarta (07), o colegiado do STF decidiu por deixar Renan no cargo, porém o retirando da fila sucessória. Isso ocorreu, devido à “birra” do presidente do Senado em nem mesmo receber o oficial de justiça com a ordem de afastamento expedida pelo ministro Marco Aurélio. Uma tentativa desesperada de frear o inicio de mais uma crise institucional no governo Temer.
 
Presidente do Senado, Renan Calheiros, responsável pela tramitação dos projetos do Governo no Congresso; Foto: VEJA

Diferente da votação do pacote de medidas “anticorrupção”, a votação do STF foi à luz do dia e o resultado logo ganhou as manchetes da TV e dos jornais. Dos nove ministros, 6 acompanharam Celso de Mello, responsável por apresentar a ideia de deixar Renan no cargo, porém o tirando da linha sucessória, entre eles a ministra Carmen Lúcia, presidente do STF. 
 
Presidente do STF, ministra Carmen Lucia; Imagem: QUADRINSTA

O período de quase 48 horas em que Renan ficou afastado da presidência do Senado foi recheado de curiosidades. A primeira é que o seu vice-presidente, aquele que assumiria caso o afastamento fosse confirmado, seria o senador Jorge Viana (PT-AC). Oposicionista de Temer, o acreano também é irmão de Tião Viana, atual governador do Acre e que em 2007 assumiu o cargo de presidente do Senado, quando o senador Renan Calheiros decidiu renunciar o cargo. A outra curiosidade é que, confirmado o afastamento, o Congresso Nacional seria presidido pelo deputado Waldir Maranhão (PP-MA), por ele ser o 1° vice-presidente do Congresso Nacional. Conhecido pelo seu belo bigode, o maranhense ganhou notoriedade após assumir o lugar do presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha no inicio desse ano.

Por fim, mesmo sendo réu por desvios de dinheiro, enfrentando mais de noves processos pela Lava Jato e sendo citado por mais de 100 vezes nessas delações premiadas, o Senado Federal continuará sendo presidido por Renan Calheiros, a figura mais asquerosa da atual política.  
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Claudio Porto

Jornalista independente.

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1 comments so far,Add yours

  1. É claro Cláudio, que tal decisão, verdadeira zebra, dá margem a interpretações escusas e nos abate na questão da esperança de uma ação do judiciário independente de questões políticas. Mas vale manter a esperança, o julgamento não foi do mérito da ação e sim da liminar, vamos aguardar o julgamento final de Renan.

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