Saiba o que ocorre quando uma construtora inverte seu papel e desconstrói
uma estrutura enraizada nas entranhas de um país, a corrupção política
Odebrecht é o nome de uma das maiores construtoras do Brasil
e também o nome dado à insônia que, nos últimos tempos, tem persistido atacar
os políticos brasileiros. Fundada há 72 anos, a empresa é responsável por muitas
obras no Brasil e no mundo, além de ter participado ativamente dos projetos
políticos desde a sua fundação na Bahia, pelo engenheiro Norberto Odebrecht.
Essa parceira entre a empreiteira e a politicagem brasileira rendeu a nós,
pobres brasileirinhos, além de obras superfaturadas, o ápice das crises.
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Brasil corporativista; Imagem: O.RIBS ( usuário @matheusribs no instagram) |
De acordo com a Operação Lava Jato a empreiteira intervinha na esfera política para lucrar e manter
o monopólio entre os contratos públicos referentes às obras de melhorias. A
Odebrecht enroscou seu nome e o nome de vários antigos e novos políticos que,
por meio de propinas, supervalorizam seus patrimônios em troca de favorecimento
em licitações. O esquema se tratava de patrocinar as campanhas partidárias,
acobertado pelo financiamento privado e pelo então não criminalizado “caixa dois”, em troca de contratos
oriundos do dinheiro público. A construtora agia como os velhos fazendeiros da República Velha, escolhendo a dedo os
que deveriam assumir os cargos públicos de interesse para o esquema. Só nas
eleições de 2014, a Odebrecht doou quase 50 milhões de reais em campanhas de
deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da
República. O valor não corresponde nem mesmo a 0,1% do lucro da empresa que
anualmente arrecada 50 bilhões de reais com os seus projetos nacionais e
internacionais. Diante disso a investigação comandada pelo MPF iniciou uma caça
as bruxas e prendeu 77 diretores ligados à empreiteira. Entre eles, Marcelo
Odebrecht, presidente afastado da companhia e Cláudio Melo Filho, ex-diretor de
Relações Institucionais da construtora. O ultimo era responsável pelo contato
entre a empresa e a ala política brasileira, e na semana passada assinou a sua
delação premiada, sendo essa a primeira de 77 delações, em que contou todos os
podres e perplexos fatos de corrupção que envolveu quase todos os “representantes do povo”. Ao todo foram
51 políticos citados entre 11 partidos.
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Da esquerda para a direita: Presidente Temer, ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e Moreira Franco, secretário do PPI. Foto: PLANTÃO BRASIL |
A delação feita por Cláudio na ultima semana, ainda não foi
homologada – confirmada pelo STF -, mesmo assim a imprensa teve acesso e logo
que a publicou, causou calafrios nos poderosos de Brasília. Entre os mais de 50
políticos citados pelo ex-diretor, há nomes influentes, como os aliadíssimos de
Temer, Moreira Franco, atual secretário do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI), e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Moreira
é político desde que apoiou a ditadura militar pela ARENA (Aliança Renovadora
Nacional), movimento usado para dar sustentação para o governo militar durante
os mais de vinte anos de totalitarismo das forças armadas. Já Padilha, está em
Brasília desde 1995, quando ocupou pela primeira vez uma cadeira na Câmara
Federal pelo estado do RS, e esteve presente nos últimos três governos
federais, sendo ministro dos transportes de FHC, ministro-chefe da Aviação
Civil da ex-presidente Dilma e atualmente é ministro-chefe da Casa Civil do
presidente Temer. Ambos trabalham no Palácio do Planalto ao lado de Temer, que
também foi lembrado pelo ex-diretor da Odebrecht na sua conversa com os agentes
da PF, em Curitiba. Cláudio disse que repassou dinheiro da empreiteira a pedidode Temer. De acordo com a delação os valores passam de 10 milhões de reais para
o presidente da República que também é presidente do PMDB, e teria usado esse
dinheiro para inflacionar a campanha de Paulo Skaf ao governo do estado de São
Paulo, em 2014; 4 milhões de reais em dinheiro vivo para o atual ministro-chefe
da Casa Civil, que há pouca semanas foi contestado a respeito dos seus
salários, que passavam do teto do Estado, na faixa de 33 mil reais mensais. Com
a situação do salário, Padilha “reduziu”
os valores para se encaixar no teto. O ex-diretor da Odebrecht também disse que
o secretário Moreira Franco, outro braço forte de Temer, fez pressão a
empreiteira para que ela ganhasse o comando dos aeroportos reformados para os
eventos esportivos sediados no Brasil nos últimos anos.
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Rodrigo Janot, Procurador-geral da República; Foto: EL PAÍS BRASIL |
A Procuradoria Geral da República já disse que irá
investigar o vazamento da delação. Por fim, na figura de Rodrigo Janot, o órgão
quer por que quer, assim como fez o STF no caso de Renan Calheiros, abafar uma
possível crise institucional, mesmo que para isso as muitas figuras citadas
pelo ex-diretor continuem a exercer suas funções. Por fim, a vontade dos
citados é que nós trabalhemos por 49 anos e não tenhamos instrução educacional
suficiente para compreender essas situações e nem sistema de saúde de
qualidade.
No dito popular, o jargão “Contra fatos não há argumentos” se aplica perfeitamente as grandes
reportagens realizadas sobre o assunto nos últimos dias. A confusa capital
federal tem pasmado a sociedade civil brasileira.
Fora o golinho pro "Santo" né...
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