Tempos atrás o futebol,
principalmente em países na América Latina foi uma forma de controle de massa.
O Brasil na época da ditadura usava a seleção brasileira como uma identidade
nacional. Na própria história, até técnico foi demitido a mando do presidente,
como no caso João Saldanha e Médici. Nos tempos de hoje muitos criticam aqueles
que são apaixonados pelo Esporte Bretão, achando que seria pão e circo para uma
o "povo sem cultura". Mas o futebol hoje, principalmente nas
arquibancadas, vem se remodelando, com torcedores mais politizados e mais
críticos com aqueles que por muito tempo usava as arquibancadas para ataques
preconceituosos como homofobia, imigrantes, negros e outras minorias.
Primeiro começando com
clubes de origens proletárias como o Bangu, clubes que lutaram contra o
racismo, como o Vasco da Gama tem essa origem em sua história, mas hoje podemos
ver nas torcidas que hoje lutam pelo preço abusivo dos ingressos, a criação das
arenas, deixando de lato a classes mais pobres longe do seu time, além do
monopólio da televisão e até mesmo contra o horário de transmissão. Apesar
disso, também surgiram torcidas de cunho marxista e antifascista que lutam
contra o racismo, homofóbica, imigrantes, refugiados e entre outros e claro na
luta contra o futebol moderno.
Esses movimentos ficaram bem
mais fortes após o ocorrido na Argentina em relação a lei dos medios e a
transmissão das partidas na TV do governo. Como também de clubes como St Pauli
e Schalke 04 da Alemanha, onde suas torcidas ultimamente aparecem em defesa de
refugiados, homossexuais e a na luta contra o machismo e o Rayo Vallecano na
Espanha. St Pauli por exemplo teve o primeiro presidente assumidamente gay,
enquanto o Rayo foi o primeiro clube ter uma mulher no comando. Exemplo disso tem
o Vasco que teve o primeiro presidente negro.
Nas torcidas, surgiram torcedores
anarquistas e comunistas como os Ultras Resistência Coral do Ferroviário no
Ceará e torcidas marxistas como Galo Marx, que seria o percursor desse
movimento e hoje temos a Vasco Marx e Vascomunistas e a Fla Marx, como também
surgiram as torcidas antifascistas como A Bangu, América RN e outros clubes.
Apesar dessas torcidas e o
enfraquecimento das torcidas organizadas, começaram a surgir as "Barras
Bravas", em relação as torcidas da argentina e os ultras na Europa.
Torcidas como a Guerreiros do Almirante, do Vasco, Castores da Guilherme, do
Bangu e entre outras são grande exemplo de “barra". Esses movimentos que
já existiam na Europa e alguns países da América do Sul vem crescendo no
Brasil, primeiro nas questões sobre os preços dos ingressos, os descasos das confederações,
federações e nos próprios clubes, a exemplo do Bangu, que politicamente está
nas mãos do Rubens Lopes e hoje tem sofrido uma forte resistência do grupo
Reage Bangu, que é formado por torcedores que pedem mudança no estatuto e no
próprio clube e no ultimo sábado houve um protesto contra a diretoria com
faixas, onde pediram a polícia para que fossem retirado, mas a torcida não
deixou. Outro momento importante veio em São Paulo com a Gaviões da Fiel, a
principal torcida do Corinthians colocando faixas contra a corrupção da CBF, o
monopólio da Rede Globo e contra o governo de São Paulo e mesmo apesar da resistência
sofrida, eles mantiveram os protestos e pouco podem fazer, pois não há nada no
estatuto que essas manifestações sejam proibidas e assim vai acontecendo por
todo país.
Essas manifestações são positivas para o nosso futebol e para a evolução política no Brasil. Se antes,
as torcidas iriam apenas para torcer ou para brigar, elas passaram se unir em
prol das lutas sociais, do controle das transmissões da partidas e contra o
aumento dos ingressos. Claro que haverá resistência entre o criticados, alguns
torcedores não concordam com “essa junção”, mas o cenário político atual
envolvendo a nossa sociedade e até mesmo no futebol fizeram que esse movimentos
surgissem e a cada vez que tentarem calar esses movimentos, mais eles vão
crescer e vão lutar contra aqueles que fazem tudo para deixarem fora das
arquibancadas.
*Joseclei
Nunes (@JosecleiNunes) é fundador e editor do blog Futebol Retrô. Escritor, graduando em
História. Ama futebol, política, escolas de samba e um bom papo de
botequim.
Imagem: Getty
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