Amigos! Com muita alegria estreio este quadro, o "Crônicas da Rússia", que evidentemente não é feito da terra da Copa, somos um time independente, que com muita luta já iniciou uma gigante cobertura do maior evento futebolístico do planeta que você acompanha aqui (clique). Este quadro surge pra "meter o bedelho" (no bom sentido) na Seleção Brasileira, que será brilhantemente coberta pelo nosso Leonardo Paioli Carrazza, além de nos aprofundar mais em detalhes táticos e no outro lado da Copa.

E dentro dessa linha do "Outro lado", um tema absolutamente espinhoso, mas pra quem nos conhece, pra quem conhece o projeto, saberia que nós não iriamos nos furtar deste tema tão difícil, afinal, até que ponto há (ou não) justiça no distanciamento do povo em relação a Seleção, diante de todas as mazelas do país?



Vejam, é claro que é absolutamente compreensível que a queda da identificação do povo com a Seleção de futebol, diante de todo o cenário que existe no país, seja em qual campo ideológico for. Elencando os motivos de tal decepção, evidentemente que a corrupção na CBF é algo que desagrada a todos, uma entidade que desde a sua concepção chafurda em escândalos e mesmo com as conquistas em 94 e 2002, a insatisfação é crescente com a entidade, que cada vez mais distancia a seleção da população, com cada vez menos jogos no país e menos acesso aos atletas.

Quando Tite assumiu, comentei em crônica (clique) que ele poderia ser respingado pelos escândalos e desmandos da entidade que paga o seu salário, felizmente, com muita competência, o treinador ao lado de Edu Gaspar, conseguiram blindar a equipe de futebol, da imagem dos que comandam a entidade, hoje ninguém que já não seja ideologicamente antipático ao futebol relaciona os dois e os atletas a entidade em si.

Existe também a insatisfação por tantos atletas atuarem fora do país, mas o que fazer? Se o poder econômico europeu, chinês e do Oriente Médio são absurdamente superiores, no primeiro caso há um aprimoramento técnico desses atletas, que dominam as vagas não só na Seleção Brasileira, como nas demais seleções da América do Sul, nos outros dois casos é puramente uma questão financeira e por vezes bons talentos seja no campo técnico ou de atletas, acaba por cair no ostracismo.

E por fim em relação ao que tange a própria seleção, um certo ostentar enquanto o povo sofre, nesta Copa todos os atletas chegaram de helicóptero, pela primeira vez na história a concentração caríssima, terá quartos individuais e uma estrutura hospitalar e fisiológica na suite presidencial do hotel em Sochi, enfim. Mas sobre este ponto, cabe lembrar que a CBF é uma entidade privada, não é dinheiro público que está ali empregado e caso haja por conta de lei de incentivo ao esporte, é uma soma mínima, incomparável em relação aos patrocínios privados.


E falando da coisa pública, aí começa um grande equívoco do qual a figura Seleção Brasileira é sim, vítima. Se o país tem uma corja de ladrões políticos, assassinos, covardes, não é uma responsabilidade da Seleção, é claro que como humanos, vamos canalizar nossa raiva em relação ao jeitinho, a corrupção, a decepção de termos depositado nossa esperança em um "governo popular" e este ter se aliado ao que há de pior na política e no capital econômico e com isso termos chegado ao cenário atual, ao alienante maior grupo televisivo do país (Apesar de que há uma grave contradição aí, em sendo o JN, o grande veículo de informação dos revoltosos em relação as mazelas do país), soma-se tudo isso a fatídica frase de Ronaldo Nazário (um gênio, um verdadeiro Fenômeno com a bola nos pés) que disse que não se faz Copa com Hospitais. Ora, querem fazer Copa façam, mas qual o legado deixado e todo o superfaturamento nas obras, inclusive nas jamais conclusas? Recursos que poderiam ser destinados ao bem-estar da população foram "investidos" na realização do Mundial no país e nas Olimpíadas. Mas novamente, o time de futebol, a Seleção Brasileira o que tem a ver com isso?


Pegando o lado ideologicamente oposto, um golpe (por meios politicamente e ritualmente legais, leia-se) foi orquestrado tendo como tema principal a camisa 1 da Seleção Brasileira com Nike em um peito e o brasão da CBF em outro. Isso contribuiu para os que discordaram da forma como foi feita a coisa, além de sem elementos legais (no entender deste cronista) patrocinada por setores poderosos da sociedade, como o representado pela figura patética do Pato Amarelo, os industriais encabeçados por Skaf, além de vários outros. Muitos destes Brasileiros já não se enxergam vestindo uma camisa amarela, alguns sob resistência, migram para o uniforme (mais bonito, aliás) azul, como se a cor amarela fosse a culpada da insensatez de uns.



Vejam, todas estas razões expostas tem o seu lado de justiça, como já dito, é natural canalizar a revolta em algo, mas o time de futebol não vai resolver nossos problemas. Não vai acabar com a corrupção, não vai construir hospitais e escolas, não vai valorizar o salário dos professores, os atletas não irão abrir mão de seus altos salários, primeiro porque são profissionais e o mercado ao qual eles servem comporta isso com muitas sobras, segundo que quem lhes paga são seus clubes, a CBF no máximo os paga premiação e claro, alta visibilidade. O atleta também não vai se rebelar e destituir da CBF os indicados de Ricardo Teixeira, enfim. Será que é justo colocar sobre a seleção nacional o peso de tudo que há de errado no país?

O mais comitrágico de toda essa coisa é que ninguém se rebela contra os atletas olímpicos (ainda bem), eles também representam o país e nessa lógica um tanto quanto maluca de raciocínio, tudo que nele há de errado, isso é justo e se depositassem em ti, amigo leitor a responsabilidade sobre tudo que há de errado nesta terra, não seria uma injustiça?

Por isso, não cabe aqui e nem tenho pretensão de fazer isso, dizer que nós, cidadãos que pagamos fielmente nossos impostos (enquanto BANCOS TEM PERDÃO FISCAL) não devemos nos revoltar, muito pelo contrário, mas devemos nos revoltar e nos mobilizar da forma correta, buscando nos informar sobre o que fazem e não fazem nossos governantes, sendo cada um de nós instrumento de fiscalização e protesto, sem esperar convocação de movimentos ideológicos de lado ou outro para manifestar indignação com o que há de errado no país, enfim, exercermos efetivamente a nossa cidadania, do jeito certo e não com bravatas baratas.


Mas e a seleção? Ué, você gosta de futebol? Acompanharia a Copa de qualquer maneira? Você torce ou acompanha de forma mais técnica, mais analítica? Cabe a vocês responder tais perguntas. Quem acompanha futebol, quem ama o esporte não é "alienado" ou "vagabundo" (ás vezes é como se quisessem colocar - de novo - a gente no pau-de-arara) é simplesmente um Ser que ama o esporte, como há quem ame o JN, há quem ame as novelas, há quem ame os seriados do Netflix, há quem tenha abertura suficiente para amar tudo isso, ou parte disso, etc.

Quem vai acompanhar a Copa é quem habitualmente acompanha o futebol e o esporte, não quer assistir, não assista, não quer torcer, menos uma preocupação, mas não encha o saco de quem gosta de futebol, não seja um bravateiro, falso moralista.



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Imagem: Jornal do Brasil. 



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Adriano Garcia

Amante da comunicação escrita e falada, cronista desde os 15 anos, mas apaixonado pela comunicação, seja esportiva ou com visão social desde criança. Amante da boa música e um Ser que busca fazer o melhor a cada dia.

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