62ª Semana de “deu fuga no ‘apagão’” a
“participando de tudo o que é evento para ser governador”
Fiscalize conosco o Prefeito na página da Coluna "Mais SP" do JC! (Clique)
Quando achamos que
vimos de tudo, estejamos certos de que não vimos nada, e que estamos errados.
Esta semana, a situação envolvendo o “ex-prefeito em atividade” João Dória e o
clássico de futebol entre Santos e Corinthians, no Pacaembu, no domingo (04),
e o apagão elétrico, diz muito sobre não sabermos nada ou conhecermos ainda
pouco, para os mais avançados. O fato de Dória dizer ser torcedor do Santos FC
e estar presente no jogo, saindo do estádio assim que os refletores de luz se
apagaram, aos pouco mais de 20 minutos do 2° tempo, como se não tivesse
responsabilidade sobre o problema, já que o estádio é municipal, e demonstrando
ser um torcedor não tão fanático, capaz de abandonar seu time, que perdia o
clássico por 1 a 0, é todo simbólico e mostra como fraca é esta administração.
Ela simplesmente foge, se esconde, omite responsabilidade e não poderia ser
diferente tratando de uma gestão usada, mais uma vez, como trampolim político
para a ninhada tucana.
Dória estava no
Pacaembu assistindo ao jogo pelo Campeonato Paulista, quando houve o terceiro
apagão no estádio durante partidas de futebol desde o início do ano. O “ex-prefeito
em exercício”, ciente de que ouviria vaias – que, em determinado momento, foram
encaminhadas para a TV Globo -, saiu
aos 22 minutos do 2º tempo, e após, quando teve que dar explicações, como
esperado, saiu em defesa não mais da concessão do estádio à iniciativa privada,
como vinha vendendo em seu plano de desestatização, mas pela privatização, ou
seja, entrega total do estádio aos empresários, muitas vezes, velhos amigos do “ex-prefeito
em exercício”. Certamente, associados do Lide,
grupo empresarial de Dória. Como solução para os problemas do estádio, há
alguns anos abandonado e sob processo de sucateamento nesta administração, ele
disse que “o Pacaembu não foi construído
na nossa gestão [administração de Dória].
Não é um problema dessa gestão, é um problema histórico. A solução é a
privatização, isso é muito claro. É um estádio que precisa de manutenção, de
altíssimos investimentos, não só em energia.”
Após o comentário –
para o cronista, mais um dos muitos infelizes proferidos pelo “ex-prefeito em
exercício” -, Dória demitiu o administrador do estádio, José Eduardo Gomes, e
disse que não vai injetar verbas extras no Pacaembu. Com um discurso mais que
populista – “populista? Ah, são os outros!” (clique!) -, Dória disse que “não vai trocar dinheiro de remédio, de UBS,
de educação e creche para investir no Pacaembu. É o setor privado que deve e
pode fazer isso e vai fazer isso e vai fazer.”
A certeza do
“ex-prefeito em exercício” quando diz “e vai fazer” só aumenta o receio e a
falta de transparência na relação Prefeitura e empresas privadas. É tudo muito
obscuro. O estádio do Pacaembu é apenas um dos muitos outros equipamentos
públicos sucateados, deliberadamente, pela administração Dória. É o uso do
velho atalho liberal e neoliberal: sucateia e precariza tudo o que é público
para a chegada do setor privado, o super-herói que vem salvá-los dos desmandos
de agentes públicos incompetentes. No caso de Dória, ainda há a contrariedade
do discurso de “gestão”. Ele se define como “gestor” e age como um
“comerciante” que deprecia a categoria por comercializar aquilo que não o
pertence. Concessão e privatização não é “gestão”, é atestado de incompetência
e, curiosamente, ausência de administração, de “gestão”.
Os dias não
poderiam ser piores para o “ex-prefeito em exercício”. Após o apagão no
Pacaembu, Dória ainda enfrentou questionamentos sobre decreto, assinado por ele
e publicado no Diário Oficial de
sábado (03), que previa o uso de policiais militares na segurança particular de
ex-prefeitos e familiares. De cara, o decreto foi compreendido como sendo um
instrumento criado e para ser utilizado por Dória, que está de saída e que
seria o primeiro beneficiado pela medida. Outra crítica sobre o decreto é mais
uma contrariedade de Dória. Enquanto exalta a iniciativa privada, o
“ex-prefeito em exercício” baixa decreto que geraria mais custos aos cofres
públicos para utilizar serviços públicos de maneira particular.
Como “pegou mal” e
Dória teve que responder sobre o tema por muitos dias – com desdobramentos de
sábado (03) a quinta (08) –, a secretaria de governo, chefiada por Júlio
Semeghini, condenado pelo Ministério Público, baixou novo decreto retirando os
familiares do grupo de beneficiários da medida, deixando apenas os ex-prefeitos
entre os que terão direito aos serviços de segurança feito pela PM. O novo
decreto, divulgado no Diário Oficial de
quinta (08), ainda define que o benefício será aplicado apenas a partir do
próximo mandatário, deixando o “ex-prefeito em exercício” de fora. Já quase no entardecer de sexta (09), o “ex-prefeito
em exercício” resolveu revogar o decreto
alegando, segundo nota da Secretaria de Comunicação, que “os secretários, que propuseram e
defendem o mérito do decreto, atenderam a solicitação do prefeito para que o
texto seja revogado em razão da polêmica provocada.”
Como bom e velho
político, o dito “novo”, no campo da política, Dória recuou depois que a
imprensa repercutiu o assunto além do necessário. O tema do decreto dominou a
semana, naquela antiga estratégia da mídia de “colar” em possíveis candidatos,
políticos que se lançam na corrida eleitoral, polemizando assuntos que, sim,
são importantes e devem ser noticiados, mas não são grandes o suficiente para
“render” como a veiculação do tema inúmeras e repetidas vezes. Lembro que,
nesta mesma administração, temos ao menos três secretários com recomendação de
afastamento e condenação pelo Ministério Público e escândalos envolvendo,
primeiro, interesses de construtoras na flexibilização da Lei Cidade Limpa –
que levou à exoneração do então secretário do Verde, Gilberto Natalini (PV-SP),
que comandava investigação contra estes interesses -, e, segundo, secretário
suspeito de assédio sexual, após já ter agredido, em outra oportunidade, um
agente de cultura. Nenhum desses temas teve o mesmo espaço que o decreto nesta
semana.
Por falar em
polêmicas e corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, o “ex-prefeito em exercício”
terá seu nome inscrito nas prévias do PSDB na segunda (12). As prévias estão
marcadas para domingo (18) e, se preciso, domingo (25) para segundo turno. Dória vai forte para a corrida. Ele já tem
conversado com partidos para apoiá-lo e, segundo a única pesquisa de intenções
de votos realizada até agora, a do Instituto
Paraná Pesquisas, lidera todos os cenários para a sucessão de Geraldo
Alckmin (PSDB-SP).
Como guardo muitas
dúvidas acerca de pesquisas de intenções de votos, não compreendo como Dória,
candidato do atual governo estadual – que se sustenta por campanhas
publicitárias e certa omissão da imprensa, e que comanda o estado há mais de
vinte anos – estaria tão à frente de outros candidatos, ainda desconhecidos e
indefinidos. E mais, vale lembrar aos
eleitores paulistas que o “ex-prefeito em exercício”, João Dória (PSDB-SP),
será o candidato pela manutenção do problemático/sucateado sistema de transportes
por trilhos – Metrô e CPTM -, pela continuidade das concessões de projetos financiados
com dinheiro público ao lucro da iniciativa privada, e da repressão policial.
Estejamos certos de que Dória também manterá o ritmo dado às obras pelo atual
governo do estado: “três anos levando nas coxas para entregar tudo o que for
possível em ano de eleição” – vide as muitas estações de Metrô, principalmente
da Linha 4-Amarela, neste ano.
O “ex-prefeito em
exercício” já segue à mesma linha do governo do estado, com a diferença de que
ele ainda está na chefia da administração da cidade, a qual resiste desde que
ganhou às eleições em 2016. Dória também tem inflado orçamentos de programas
que geram visibilidade e aceitando todo o tipo de cerimonial de inauguração pensando
na campanha que deve encampar nos próximos meses.
Não por acaso, ele
tem ido inaugurar escolas e creches na Zona Leste, maior colégio eleitoral da
capital. Nesta semana, lá estava ele na Zona Leste inaugurando mais uma creche
com capacidade para 210 crianças, desta vez no bairro de Ermelino Matarazzo. O
“ex-prefeito em exercício” também lançou o programa “Lavanderia Social”, com
postos de coletas de roupas em bom estado para a lavagem e doação aos moradores
em situação de rua, atendidos pelo programa “Trabalho Novo” e pela rede de
“CTAs”.
Para os leitores
que costumam realizar compras em sites asiáticos, que são conhecidos pelo preço
acessível – por conta do câmbio e ausência de taxas - e demora na entregar dos
produtos, geralmente na casa de alguns poucos meses, nesta semana o
“ex-prefeito em exercício” mostrou que não se importa com o tempo quando o
assunto é “doação sem contrapartida”. Dória enfim recebeu as mil câmeras de
vigilância doadas pelos chineses na visita feita por ele na 30ª Semana
(clique!). Os equipamentos serão instalados e farão
parte do programa City Câmera, da
Prefeitura. Em outras palavras, os “Ali
Express” da vida, apesar de todos os imprevistos com o frete, não se
comparam a demora dos chineses, parceiros de Dória, em enviar as tais doações.
Na semana, o
“ex-prefeito em exercício” ainda assinou a Parceria Público-Privada da
Iluminação Pública. Após se arrastar por pouco mais de dois anos - desde a
administração Haddad - e sofrer embargos no Tribunal de Contas do Município, a
PPP chegou ao fim, com a escolha do Consórcio FM Rodrigues/CLD, empresa que, até esta semana, realizava a
operação e manutenção da iluminação pública da cidade através de contrato
emergencial. Com o contrato de 7 bilhões de reais pelo período de 20 anos, a
parceria da Prefeitura com a FM Rodrigues
custará cerca de 30 milhões de reais por mês. Sete milhões de reais a mais
que o oferecido pelo Consórcio Walks,
que também participou da PPP, mas foi descartado por ter entre suas empresas a ALummi ,
empresa declarada inidônea pela operação Lava Jato e pelo Ministério da
Transparência.
Com a PPP, a
Prefeitura espera modernizar toda a rede de iluminação pública e, em três anos,
substituir mais 535.713 mil lâmpadas fluorescentes, de um total de 618.355
pontos, por lâmpadas de LED. A diferença de pouco mais de 80 mil pontos de
lâmpadas já tinham sido substituídos por Fernando Haddad (PT-SP).
Apesar de ser a
primeira semana do mês, geralmente a de pagamento, Dória desta vez não
conseguiu antecipar seus vencimentos e não promoveu o Cheque do Prefeito, evento em que convoca a imprensa para acompanhar
a doação de seu salário para instituições do 3º Setor.
Na sexta (09),
Dória participou de um evento na sede da Prefeitura onde garantiu - e mostrou -
ter recebido as chaves da Casa da Mulher
Brasileira, equipamento público de apoio e atendimento às mulheres em
situação de violência, localizado no Centro da cidade. Na semana de homenagens
às mulheres pelo 8 de março, dia de comemorar a luta que, felizmente, já não é
algo incipiente e demonstra força e muito vigor, o “ex-prefeito em exercício”,
em tom talvez machista, diz que a Casa será inaugurada “no dia 12 de junho, Dia dos Namorados”,
relacionando, não sei por qual razão, o espaço de atendimento a mulheres
violentadas com a data comemorativa de Dia
dos Namorados. O “ex-prefeito em exercício” esqueceu-se de mencionar em seu
vídeo (disponibilizo baixo) que a Casa está
pronta e fechada ao público desde novembro de 2016, quando havia a previsão de
inauguração para janeiro ainda do ano passado. Dória segurou a inauguração e,
agora prestes a deixar à Prefeitura, quer se apropriar de mais esta obra
visando alguns pontos de popularidade com eleitoras.
Vídeo: Reprodução / Canal "João Dória News", no Youtube
Mas elas,
felizmente, não caem na dele. Lembremos que no ano passado, mesmo com o descaso
da Prefeitura de Dória, o Movimento de
Mulheres de São Paulo realizou várias marchas denunciando a precarização de
políticas de enfrentamento à violência contra mulher, e promoveu uma
inauguração popular no local. Tem sido assim na administração Dória: todos os
dias exigem de nós a disposição de lutar contra desmontes. É uma luta diária.
Iniciou com a classe estudantil e o Passe
Livre, passou pelos idosos e à ameaça de encerramento das atividades do Centro de Referência do Idoso, e, até
que as estratégias eleitoreiras dominassem a mente de Dória, as mulheres
estavam aí, nas ruas contra a precarização dos serviços.
Nota: O leitor mais
atento percebeu que estabelecemos no artigo desta semana outra classificação
para João Dória. A partir desta semana, o quadro “Semana do Gestor”, por decisão do conselho editorial da coluna Mais SP, decidiu por usar a expressão
“ex-prefeito em exercício”, e não mais o termo “prefeito”, para referir-se ao
João Dória. Para esta coluna, a iminente saída de Dória da Prefeitura para a
corrida pela sucessão de Geraldo Alckmin no governo do Estado, além das
inúmeras manifestações do próprio mostrando que pensa apenas no Palácio dos
Bandeirantes, sustentam a decisão.
Acompanhamento semanal do mandato
de João Dória à frente da Prefeitura de São Paulo. O Gestor, como ele bem
frisa, tem muito trabalho no comando da maior cidade da América do Sul, e
estamos atentos a suas ações. Portanto, todo sábado, trazemos aqui um compilado
da semana de Dória, ou "Semana do Gestor".
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