Pior que garoto mimado e
chorão no campo da Justiça, Temer age sem medo, despreocupado com a opinião
pública, quando o assunto é acabar com direitos e programas sociais
O (des)governo nunca demonstrou preocupação com sua imagem.
Desde a conspiração de Temer sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff, em 2016, à maneira atabalhoada de se implementar uma agenda distinta
da de sua chapa – o presidente Temer venceu às eleições com Dilma e o PT,
propondo em campanha projetos bem diferentes dos votados e colocados em prática
nesses quase dois anos de (des)governo -, ele viu sua pífia popularidade deixar
de existir e nunca escondeu a intenção de estabelecer medidas que o mantenham
no poder. Com Temer observamos a luta diária pela manutenção do poder, própria
daqueles que não têm base popular.
Temer, que já foi o primeiro presidente da República no
cargo a receber uma denúncia da PGR, ano passado – naquele momento inédito, ele
foi alvo de duas denúncias, que foram prontamente arquivadas sob o custo de 32
de bilhões de reais em anistias e emendas parlamentares -, na última semana,
voltou a protagonizar mais situação da série “primeiro presidente da história”.
Desta vez, o nosferatu que (des)preside o País foi o “primeiro presidente da
história”, nas funções do cargo, a ter a quebra do sigilo bancário e telefônico
decretado, desta feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto
Barroso. A Polícia pediu também a quebra de sigilo de quatro pessoas próximas ao presidente e o acesso ao computador do ex-assessor de Temer, o deputado cassado Rodrigo Rocha Loures, no Palácio do Planalto.
Togado combatente na luta contra a corrupção, porém
indiferente aos custos do Poder Judiciário de inúmeros penduricalhos e
auxílio-moradia a quem é proprietário de imóveis, o ministro Barroso decidiu
abrir as contas de Temer no inquérito que investiga a assinatura da Medida
Provisória que permitiu a prorrogação das concessões de portos, assinada em
maio do ano passado e que teria beneficiado diretamente a Rodrimar, empresa pela qual, segundo as investigações, Temer e o
parceiro coronel João Baptista Lima demonstram muito apreço e teriam recebido valores
ilícitos, no mínimo, desde 1998. A investigação baseia-se em telefonemas do deputado
cassado e ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures – o da mala – com
dirigentes da Rodrimar realizados
dias próximos da assinatura do MP, ainda em 2017.
O presidente Temer, que ainda surfa na onda da Intervenção
no Rio (clique!), não pensou duas vezes em contra-atacar. Apesar de a
defesa negar, há indícios de vazamento de dados sigilosos do inquérito, e até
encontro com a ministra-presidente do STF, como de praxe fora da agenda, o
presidente realizou. Na casa da ministra, Temer e Cármen Lúcia não se importaram
com os fotógrafos e repórteres cinematográficos que acompanhavam o encontro
pelos vidrais da residência.
A ministra, que para analistas políticos tem sido a pior
presidente do STF de toda a história – observação que compartilho -, e que vem
mostrando seu lado político, principalmente com a divulgação antecipada da
agenda do Supremo Tribunal para o mês de abril sem o Habeas Corpus de Lula e
sem rever a prisão em segunda instância, numa clara prestação de contas aos
organizadores do show de horrores que se apropriou da política nacional, também
não se importou em distribuir sorrisos aos jornalistas pela janela, e depois permitir
que sua visita, o presidente Temer, dissesse à mesma imprensa que o encontro
foi para discutir “segurança pública”.
Bem que o senador Romero Jucá (MDB-RR) tinha dito que toda a
manobra política de 2016 seria um “grande
acordo nacional, com Supremo, com tudo”, no áudio gravado da conversa que
manteve com o ex-senador Sérgio Machado, que ouvimos todos juntos, brasileiras
e brasileiros, pela mídia, e que fazia parte de um inquérito arquivado no final
do mandato do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, acredite, por
falta de provas.
Enquanto o presidente está tendo de dar explicações à
Justiça, seu (des)governo age na eleitoreira Intervenção na área de Segurança
Pública, que segue ainda sem plano de ação, e cogita acabar com uma das mais
importantes políticas públicas, não do apenas do PT, mas do Estado brasileiro,
o “Bolsa Família” está próximo do fim: segundo o (des)governo, não passa de
abril.
Pai do congelamento de investimentos públicos pelos próximos
20 anos, na Emenda 95, da contrarreforma trabalhista e da Lei de Terceirização
Irrestrita, Temer, de acordo com o jornal O
Globo, está para mudar o regulamento do programa do Bolsa Família, que atende 13,8 milhões de brasileiros(as), e é
premiado e enaltecido por instituições de todo o mundo por ter sido instrumento
importante na luta contra a fome, na arrancada de combate à fome dos dois
mandatos do ex-presidente Lula que reduziu em 82,1% o número de brasileiros(as)
subalimentados(as), e de distribuição de renda, principalmente com relação às
mulheres que, através do programa, enxergaram o caminho para deixar a
dependência financeira que mantinham com a figura do homem. Já que, mais de 80%
dos beneficiários cadastrados são mulheres.
A ideia do (des)governo, já transmitida ao ministro Osmar
Terra (MDB-RS), chefe da pasta de Desenvolvimento Social e Agrário, responsável
pelo programa, é acabar com o injusto e preconceituoso estigma de
“assistencialista” que o senso comum dá ao benefício, tornando-o, exatamente, “assistencialista”.
O (des)governo pretende estabelecer mais barreiras para o cadastramento, entre
elas – que julgo a mais polêmica –de impor aos beneficiários a prestação de
trabalhos voluntários e, para as crianças, de serviços em regime de estágio, no
tempo definido pelo (des)governo como de “ócio”, após o turno de aula, em troca
de 20 reais de reajuste no benefício. De
quebra ainda deve alterar o nome, que passaria a ser “Bolsa-Dignidade”.
Em outras palavras, o tal “Bolsa-Dignidade”, caso venha a
ser implantado, será uma “bolsa-auxílio”, de valores bem abaixo dos praticados,
em troca de trabalho. Ou seja, só terá “dignidade”, que é outro ponto descabido
da proposta – considerar os pouco mais de 13 milhões de brasileiros indignos
somente por serem beneficiários do Bolsa
Família é muito a cara do (des)governo Temer -, o beneficiário que
trabalhar para empresas privadas ou públicas em troca de migalhas. Agora sim,
se é “assistencialismo” que clamam, o (des)governo parece comprometido em
oferecer.
Confiantes, Temer e sua turma se preparam para as eleições. Apesar
da ruptura democrática que estabeleceu no País, o (des)governo não esconde que
conta com o esquecimento, com o lapso de amnésia, que sempre atinge a maioria
do eleitorado à frente das urnas. Eles sabem que bons jingles e programas de
campanha na tevê são capazes de cativar parte do eleitorado e “apagar”, ao
menos em meio à efervescência das eleições, todos os desmandos praticados até
ali.
Sem presunção, estaremos por aqui, com o JC Eleições 2018, buscando promover e elevar
o debate, e evitar que o “lapso de amnésia” volte neste ano. Será difícil, mas
não impossível.
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