No país em que deputados
estaduais só ficam presos mais tempo que um cavalo, Temer pensa no pós-mandato e
deputado ironiza projeto de sua autoria
Longe de ser um “alazão” de contos de fadas, o cavalo de pelagem branca
do engenheiro civil sergipano, Willians Francisco dos Santos, por pouco não passou
mais tempo preso que os deputados estaduais do Rio de Janeiro, Jorge Picciani
(PMDB-RJ), Paulo Melo (PMDB-RJ) e Edson Albertassi (PMDB-RJ).
Vídeo: Reprodução / Canal do jornal "Fabulândia" no Youtube
Enquanto o cavalo
de Willians esteve preso por 15 horas numa cela, apertada, da delegacia de Nossa
Senhora Aparecida, em Sergipe, após dar um coice, instintivamente, em um carro
durante uma cavalgada, e causou comoção pela bestialidade das forças policiais
do Brasil em prender um cavalo, os deputados cariocas, investigados por corrupção,
lavagem de dinheiro e evasão de divisas no uso do cargo de parlamentar, tiveram
prisão decretada pelos desembargadores da 2ª Região do TRF, se entregaram à
Polícia Federal do Rio, passaram pouco mais de 24 horas presos, mas, por 39
votos a 19, numa sessão extraordinária da Alerj
– Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro -, foram soltos e,
seguindo a tônica, a “vibe” da politicagem brasileira, seguem com a vida como se
nada tivesse acontecido. Ou seja, só ficaram presos mais tempo que um cavalo, apreendido
pela boçalidade peculiar das forças policiais. Feliz é o cavalo do Willians que,
mesmo preso injustamente, não precisou de ninguém para ter sua liberdade
restabelecida. Não precisou de negociatas ou, imaginem, distribuição de emendas
para livrar-se de uma injustiça.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Liberdade é tema que começa rondar a cabeça do presidente Michel
Temer. Ele não sabe o que fará assim que terminar seu mandato e as denúncias da
PGR forem desarquivadas e enviadas à 1ª instância, do tal Moro. Para isso, o
presidente, mais uma vez, coloca o (des)governo como moeda de troca para a sua
base aliada, o “Centrão” criado pelo deputado cassado e preso, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). De reforma ministerial, passando pela reforma da Previdência Social,
Temer já considera o ministro da fazenda, Henrique Meirelles, como candidato à
Presidência pelo PMDB. O presidente traça planos para escapar da dita “justiça
comum” e para isso precisa manter-se no poder, mesmo que como ministro ou secretário
de Estado, já que pelo voto Temer não ganha nem para síndico de seu condomínio.
Das Cidades. A
saída do deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE) - o 342º deputado a votar pelo
impeachment da ex-presidente Dilma - do Ministério das Cidades, já pensando na reeleição
no próximo ano, já que estar ao lado de Temer não interessa a mais ninguém –
#DeixaEleMarcela - , abriu o espaço que o presidente precisava para negociar a
retirada de mais direitos, agora previdenciários, pela dita “reforma da
previdência” no Congresso Nacional. Rapidamente, Temer negociou com a Câmara
dos Deputados, a Casa mais fisiológica do Legislativo – não que o Senado também
não o seja, mas os deputados, por serem em quantidade maior, exigem mais da
Máquina Pública – e o nome do deputado Alexandre Baldy (Podemos–GO) foi escolhido
para substituir Bruno Araújo (PSDB-PE) naquela que é considerada uma das pastas
mais estratégicas do corpo ministerial.
Responsável por repassar verbas relacionadas a obras às
prefeituras, o Ministério das Cidades é um dos poucos ministérios que chegam bem
próximos do eleitorado – por conta das obras – e isso, infelizmente, muito
interessa os deputados que disputarão reeleição nas próximas eleições. Assim
como urubus quando encontram carniça, os deputados usarão e abusarão do Ministério
das Cidades como instrumento de promover as suas fantasias de bom político, mesmo
sendo eles partícipes do Congresso mais corrupto desde a redemocratização, em
meados da década de 1980. O mesmo Congresso do deputado Celso Jacob (PMDB-RJ),
preso em regime semiaberto, que durante o dia, em horário comercial, vai ao
Parlamento, e à noite volta à Papuda. E mais, Celso recebe auxílio-moradia de
pouco mais de 4 mil reais.
Previdência. Com
Alexandre Baldy (Podemos–GO), agora no comando do Ministério das Cidades, a
base aliada do presidente parece ter deixado de lado as animosidades e, ao
menos por enquanto, satisfeito o suficiente para dar andamento na reforma da previdência (Clique!) na Câmara dos deputados.
Temer, chefe do “Quadrilhão
do PMDB”, e o patrono da tal reforma, ministro da fazenda Henrique
Meirelles, aquele que não confia no sistema financeiro do País e esconde seu
patrimônio – reunido após muitos anos de trabalho na JBS - nas Bermudas, contam com o Congresso para, ao menos,
conseguir com que o mercado financeiro, principal interessado na alteração do
regime previdenciário, apoie o candidato apoiado por eles nas próximas eleições.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter) |
Sem cobrar quem realmente deve à
Previdência Social - as grandes empresas, entre elas a mesma JBS do empresário preso Joesley Batista
e que teve entre seus conselheiros-administrativos o ministro Meirelles -, a
classe política tenta impor a alteração na idade mínima para a aposentadoria,
aumento no percentual de contribuição para a previdência de servidores públicos,
exigência de, no mínimo, 25 anos de contribuição ao INSS para os trabalhadores
em geral e a manutenção do Benefício de Prestação Continuada, destinada a
idosos e portadores de deficiência, veiculado apenas ao salário mínimo do País,
com aumento real e anual prestes a acabar, já que a Lei 13.152/2015, que obriga
o governo a ceder o reajuste, encerra seu efeito em 2019.
Piada Pronta. O deputado estadual por Minas Gerais, Felipe Attiê
(PTB-MG), protagonizou momento cômico, próprio da atual classe política, na
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Lá estavam os deputados “trabalhando”
numa das reuniões da Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O presidente da
comissão lia os projetos em pauta, quando uns dos assuntos é a “instituição do Dia do Coach” pelo
projeto de Lei 3.697/2016. Foi neste momento (vídeo abaixo) que o deputado
Felipe Attiê (PTB-MG) ironizou com “coach?
Esses deputados, é brincadeira viu...” no projeto que, acredite, ele é o
autor.
Vídeo: Reprodução / Canal do portal "O Tempo" no Youtube
Engana-se aquele que vê o mal
somente em Brasília. Lá é a sede de um jeito único e sórdido de se fazer
política espalhado, hoje, pelos Executivos e Legislativos dos estados e municípios.
Sórdido ao ponto de assistir, quase contemplar, a poucos quilômetros centro do
poder, uma criança desmaiar com fome (Clique!), e fazer com que o povo, trabalhador,
precise voltar a usar lenha para cozinhar seu, hoje, escasso alimento (Clique!). Ê Brasil
difícil e complexo, de um (des)governo com sorte de “alazão” e de poucos na
luta.
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