Geddel Vieira Lima,
nome forte do poder político brasileiro, independente de laços partidários, se
der com a língua nos dentes pode trazer novidades que, em dias atuais, só não
superam a bestialidade da polarização política brasileira
Nos últimos dias, recebemos manifestações
críticas sobre a exposição "Queermuseu - Cartografias da diferença na
América Latina". Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram
ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra.
O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia.
Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.
Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição "Queermuseu" desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo.
Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana. O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09.
Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos.
Enquanto o ex-ministro de Integração Nacional do governo
Lula, ex-ministro de Secretaria de Governo do (des)governo Temer, e vice-presidente
de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal por dois anos – entre 2011 e 2013
– no governo Dilma, Geddel Vieira Lima é preso por conta de suas digitais no “bunker”,
acompanhado, paralelamente, pela prisão dos executivos Joesley Batista e
Ricardo Saud, acusados de omitir informações no processo de delação acordado por
eles e o Ministério Público Federal, alguns brasileiros preferiram sair pelas
redes sociais para difamar exposições de artes, assim como já tinham
direcionado seu foco a uma vigilância incessante aos planos pedagógicos da rede
pública de ensino. A velha cortina de fumaça, agora, mais do nunca, no ápice de
sua potência bestial.
Fala-se, comenta-se, discute-se e critica-se de tudo,
incluindo a QueerMuseu – Cartografias da
Diferença na Arte Brasileira – mostra com temática de questão de gênero com
270 trabalhos de 85 artistas – promovida pelo Santander Cultural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que,
diante de pressão minimamente irresponsável das redes sociais, teve o encerramento
antecipado e todo o envolto crítico de uma exposição artística rebaixado a picuinha ideológica que os do “passar o Brasil a limpo” difundem ferrenhamente. A exposição, iniciada em 15 de agosto,
suportou quase 30 dias – 27 dias para ser exato – para ser duramente difamada,
sem permitir que Gaudêncio Fidelis, responsável pela curadoria, se pronunciasse
sobre sua pretensão com a mostra. Tudo foi tão atípico e forçado que Gaudêncio
teve sua reunião de trabalhos - a mostra - cancelada sem ter sido ouvido. E o
banco que, até o fim de semana apoiava a mostra, soltou uma nota - no fim do artigo – reforçando a ideia
de quebra de pudor e indecência trazida, como justificativa, pelos algozes de qualquer que seja o ideal progressista.
Numa semana atípica - para a normalidade da existência humana
e não para a política brasileira -, o imbróglio sobre o conteúdo da mostra, sem
comentários a censura imposta a ela, movimentou mais as redes sociais do que
as, acredito também importantes, prisões e encontros em adegas, em Brasília.
A figura fisiológica de um ser ausente de vértebra
partidária, mesmo que filiado ao PMDB, do ex-ministro Geddel Vieira Lima, agora preso, causa arrepio aos palacianos da capital federal e, num raio mais
abrangente, congressistas. Geddel, que chorou em depoimento quando foi preso
pela primeira vez em julho passado, e que voltou a chorar em frente ao juiz
após a prisão de semana passada, com toda a sua bagagem de negociatas e
politicagem, e com este temperamento doentio, não deve suportar por muito tempo
a pressão psicológica do encarceramento e aderir a uma delação premiada.
O mesmo serve para os recém-encarcerados Joesley Batista e
Ricardo Saud, que já “colaboraram” com o Ministério Público, e, estando na Superintendência da Polícia Federal, dependendo do tempo que lá ficarem, podem lembrar mais
alguns “representantes do povo” em troca de redução de pena e afins.
A onda de gravação é tão peculiar que Rodrigo Janot,
procurador-geral da República, nessas negociações em reverte as benesses dadas
a Joesley Batista, marcou uma reunião com o advogado do empresário dono da
J&F em uma adega - boteco- de Brasília. Lá estava o procurador-geral da República,
representante legal do Estado brasileiro, com seus óculos lentes “Transitions”,
conversando com o represente legal do empresário “professor” na escola das
vantagens da politicagem brasileira. Falavam sobre o quê? Talvez, somente jogo de cena.
CPMI para não
investigar e sim constranger
O Congresso Nacional vem trabalhando apenas e exclusivamente
em pautas de interesses dos parlamentares e, às vezes, do Executivo. Nesta
semana, eles pretendem votar a reforma política com muitos pontos contestáveis e em suma, ineficazes.
Distante de ineficaz - muito pelo contrário, o plano é bem
sólido e já testado-, a instauração de uma Comissão Parlamentar Mista de
Investigação – CPMI - para “investigar” as tomadas de empréstimos da J&F
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES – e analisar
as tratativas do Ministério Público e os executivos, incluindo as delações, em
especial a do empresário Joesley Batista.
O histórico dessas CPMIs acumulam mais apreensões do que
alivio e pouca – para não dizer nenhuma - investigação. Na mais recente, a CPI da
Petrobras na Câmara dos Deputados, encabeçada pelo deputado cassado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), os parlamentares passaram meses em 2015 tentando fragilizar os
trabalhos do Ministério Público que, à época, já investigava envolvimento de congressistas
em esquema de corrupção, ao invés de se investigar, e curiosamente um dos
nomes: Eduardo Cunha, hoje preso.
O momento do País - e isso pode ser potencializado em escala
mundial – exige cautela e muita atenção para, enfim, decifrarmos as trilhas do
jogo do poder.
Nota do Santander
Cultural
O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia.
Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.
Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição "Queermuseu" desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo.
Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana. O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09.
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