Olha ele ai de novo: O drama infernal que já foi de Temer agora acaba com ES
A violência que assola o Brasil desde suas raízes em 1500,
apronta cada situação que nos fazem refletir sobre o seus incríveis índices de
avanço. Certamente não há, em um país de colonização exploratória, implicador
mais desenvolvido que as variadas formas de violência. Façanhas que, por vezes,
são deixadas a mercê do esquecimento ou pior da banalização e comodidade. Assim
como um dia foi horrendo ousar pensar que crianças poderiam ser exploradas
sexualmente por parentes e lideres religiosos ou uma progenitora abandonar um
filho em cestas de lixo, a arruaça sofrida por alguns municípios de Espírito
Santo, inclusive a capital, Vitória, desde sábado (04), revelam que estamos
longe do ideal, além de reviverem o “drama infernal” passado pelo presidente Temer no início do ano. A diferença é que, dessa
vez, o “drama” está explicitamente
sobre o povo capixaba.
O primeiro fim de semana de fevereiro, especificamente a
madrugada de sábado (04), assim que uma manifestação na porta de um quartel em
Serra, Região Metropolitana de Vitória, inicialmente promovido por oito esposas
de policiais militares do estado de ES, impediram a saída de agentes de
segurança, reivindicando aumentos nas folhas salariais e, acredite se quiser,
respeito, a população de algumas cidades da Grande Vitoria estão surfando em uma
onda sangrenta de violência desmedida e preocupante em relação ao real papel do
Ser Humano. Uma “doideira”, como me
definiram os acontecimentos.
Fato é que, desde inicio do protesto promovido por esposas
de policiais, o Estado registrou 90 mortos, roubos a luz do dia, lojas
saqueadas, comercio, escolas e postos de saúde paralisados e pessoas desesperadas.
O Movimento das Famílias PMES, responsável por montar barracas nos portões de
19 batalhões oficiais e 10 companhias independentes da PM, pretende resistir o máximo
possível. Em entrevista à BBC Brasil,
Graziela esposa de um policial militar e representante do movimento disse que
essa intervenção é uma espécie de consequência da ausência de atenção que a
Classe sofre. "Há anos guardamos
isso dentro de casa, fica do portão para dentro”, comentou a representante
para a repórter Camila Costa, que também perguntou se o casal tem filhos e ela
disparou: "só não temos ainda porque
não cabe no orçamento”. Depoimento válido para muitas outras áreas de
serviços no Brasil. A Manifestação trouxe a dura realidade dos PMs capixabas,
com salários na faixa de R$ 2,6 mil, sem aumento há sete anos, são os que menos
recebem em todo o país. Abaixo, até mesmo, da média nacional que supera os R$ 3
mil.
Sem policiamento, com o Governador do Estado, Paulo Hartung,
se recuperando de um tumor na bexiga, e com militares patrulhando as ruas, o
Estado do Espírito Santo expõe um dilema em que os manifestantes são familiares
que defendem, antes de serem oficiais militares, interesses de pessoas queridas
e a segurança da população civil.
Às vezes ouvimos, especialmente dos mais religiosos, que de
tudo podemos tirar uma lição ou algo parecido com reflexão. Pois bem, o ES
levantou a bola em relação ao papel e importância da policia militar, o estarrecedor
caso de saques envolvendo civis, muitos estavam ali praticando um furto pela
primeira vez, e, novamente esse ano, o uso político das forças armadas.
A PM brasileira, além de sofrem com as mesmas mazelas do
sistema operacional, contam com um regimento que proíbe expressamente a sua
paralisação por meio de greves. Tanto que quando param, a situação fica como
nos últimos dias em ES. Mas um dado importante e triste revela que quando estão
ativos, operando, sem generalizar, a Policia Militar brasileira mata em seis
dias o mesmo que a Policia Britânica em 25 anos. Foi o que apontou um levantamento
do jornal britânico The Guardian realizado
ano passado. O estudo registrou 55 disparos fatais na Inglaterra e Países de
Gales entre 1990 e 2014. Já no Brasil, há números elevados para os dois lados: mais
de 3 mil pessoas mortas por disparos de munições policiais e, em média, 400
agentes assassinados por ano.
A arruaça filmada, fotografada e, consequentemente, compartilhada
nos últimos dias é de assustar. Como se nada estivesse acontecendo, civis
saqueavam lojas por todas as partes de Vitoria. Em quase todos os vídeos e
fotos, pessoas ditas comuns, furtavam eletrodomésticos, alimentos, farreavam
previamente ao Carnaval. Me pergunto: o que deu nessas pessoas? O que motiva
ações como as vistas em Vitoria? Mas não consigo responder. E também não
consigo culpa-los.
Por fim, pela segunda vez no ano, o Governo Federal volta a convocar os milicos que, agora, deixam de ser guarda costa de carcereiro para
patrulharem as ruas, enquadrar suspeitos e até mesmo dar voz de prisão.
Atribuições distintas daquelas que eles se comprometeram ao entrar nos quartéis
e destacamentos.
Percebam vocês que, assim como nos presídios, a rebelião
convoca as pessoas agirem. Em Manaus, Boa Vista e Alcaçuz, a rebelião foi
promovida por presidiários. Agora, no ES, a rebelião é de responsabilidade das
esposas de policiais militares e civis que saíram as ruas para extravasar
aquilo que eles guardam.
As três situações
podem, sem querer justificar, ser respondida pela Graziela, a esposa do PM entrevistada
pela BBC Brasil, quando respondeu se
é mãe.
A má condição social é um implicador importante e tem que
ser combatido. Enquanto não nos atentarmos a isso, o Exercito seguirá deixando suas
obrigações, continuarão a ser chamados e aplaudidos como se fossem a solução.
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