O símbolo do
Capitalismo brasileiro tem dupla nacionalidade, fugiu para a sede do capitalismo mundial, mas voltou
O estereotipo de que mineiro é quietinho e “come pelas
beiradas”, pode-se aplicar ao marcante Joselino Barbacena, por muito tempo
interpretado pelo saudoso Antonio Carlos Pires na Escolinha do Professor
Raimundo, ou ao brilhante Pedro Bismark e o Nerson
da Capitinga, mas não pode ser usado para o mineirinho de Governador
Valadares, Eike Batista.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram) |
Empresário que nasceu no interior de Minas Gerais e filho de
uma alemã com um brasileiro, mesmo não demonstrando muito interesse, contou
sempre com uma vida econômica bem estruturada. Em 1974, teve oportunidade de
cursar Engenharia Metalúrgica na terra das cervejas, Alemanha. Chegou a
iniciar, mas não concluiu. Tempos depois, já na década de 80, assim que iniciou
e terminou estudos relacionados ao comercio de diamantes e pedras preciosas e o
fato de ser poliglota o permitiram ingressar no mundo das negociatas intervindo
em transações relacionadas à extração de preciosidades na Amazônia. Daí em
diante, investimentos e movimentações financeiras, inclusive nas bolsas de
valores, tornaram-se rotina do então aspirante capitalista de sucesso.
Sentindo-se muito bem e admirando seu próprio crescimento no ramo dourado do
ouro, Eike fundou a sua primeira empresa, a Autram Aurem,
que, segundo sua biografia, nos primeiros anos atingiu o faturamento de U$ 6
milhões. Assim que se consagrou CEO da sua própria empresa de mineração, a TVX
Gold, o empresário conquistou o mercado financeiro global e atraiu, em trinta
anos, uma riqueza de valor estratosférico que passaram de R$ 20 bilhões. Enfim,
o mineirinho de sorte contou com a força reluzente das pedras para somar e
chegar ao 7º lugar entre os homens mais ricos do mundo, segundo a Revista
Forbes em 2009. E da mesma forma que ganhou muito no mercado de bolsas de
valores, desde 2012, a queda acentuada e vertiginosa no seu patrimônio o
atravessa. Hoje, Eike é foragido da PF e Interpol, sem curso superior e apenas proprietário,
por enquanto, do 1º Hotel cinco estrelas do Brasil, Hotel Gloria
no Rio de Janeiro.
Muito de sua derrocada é consequência do entrelaçamento
entre o empresariado e o Estado, por muitas vezes representado por
“sanguessugas” de tributos e miséria. Eike por muito tempo, pelo seu notório
sucesso no mercado financeiro, se envolveu nos Governos petistas e aliados.
Super parceiro dos ex-presidentes Lula e Dilma, além da carinhosa e fraterna
relação com o ex-governador do Rio, Sergio Cabral. Demonstração de afeto ou
carinho de imensurável valor, mas no caso dos dois, poderia com muito otimismo
custar uns U$ 16 milhões.
Os laços começaram quando o empresário com o seu império X,
tomou conta de vários segmentos no mercado financeiro brasileiro. De eventos e
alimentação ao seu forte, o ramo da mineração. Lá, com investimentos em
Termoelétricas e portos, o empresário, facilmente tomava empréstimos do BNDS,
além dos obscuros contratos com o Governo Federal e Estadual do Rio de Janeiro.
Segundo a PF, a principio, foram R$ 6 bilhões em empréstimos concedidos pelo
banco ao empresário.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram) |
Em entrevista ao programa de entrevistas da jornalista
Mariana Godoy, em junho de 2015, assim que terminou de quitar dividas referentes
aos processos de calotes em credores, Eike Batista estava muito feliz e, por vezes,
frisou o “bem estar” em ter pago os valores, mesmo tendo perdido parte de seu
patrimônio. Em um clima descontraído, ele repercutiu obras que, para ele, “nunca receberam publicidade da mídia”.
Obras como a Termoelétrica de Pecém,
no interior do Ceará, e o Porto de Açu,
em São João da Barra, no estado do Rio, foram muito lembradas pelo empresário
que repetia a “eficiência” prestada pelas duas empresas. Por sinal, o termo
“eficiência”, para ele, é a chave para o sucesso. Em 2012, chegou a publicar em
seu Twitter que “se descobrir que seu
negócio não é mais eficiente, reinvente-se".
Semana passada, na quinta (26), a operação “Eficiência”, uma sequela da Operação “Calicute”, que por sua vez é um desdobramento da Operação
Lava Jato, emitiu nove mandatos de prisão, entre essas, a do empresário que,
eficientemente, viajou para Nova Iorque dois antes. Assim que o pedido de
prisão preventiva foi aceito pela Justiça, a Força Tarefa foi até a residência
de Eike, mas não o encontrou. Em
entrevista coletiva, o delegado da PF, Tácio Muzzi, chegou a falar que havia um
acompanhamento prévio dos investigados, inclusive sobre Eike. Fato é que dois
dias antes da Força tarefa bater na porta do empresário, ele já havia viajado
para Nova Iorque, portando passaporte alemão.
Pouco se sabe por onde anda o empresário. O jornalista Lauro
Jardim, do O Globo, publicou em seu
blog que a defesa do empresário informou, por escrito, que o ex-bilionário deve
voltar ao Rio de Janeiro e se entregar nessa segunda (30). Ainda segundo o jornalista,
a defesa já solicitou que a justiça envie o empresário para uma “prisão
segura”. E realmente foi isso que aconteceu. O empresário que partiu de Nova Iorque às 00:45 no horário de Brasília, chegou no Rio de Janeiro antes das 10:00 da manhã dessa segunda (30). Logo que aterrissou em terras brasileiras, Eike foi levado para um carro descaracterizado da PF e encaminhado para fazer o exame de Corpo de Delito no IML carioca. De lá foi enviado, a princípio, para o presidio Ary Franco, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas pela tarde, ele foi transferido para Gericinó, em Bangu. O empresário deve prestar depoimento a PF nessa terça-feira (31).
Eike que já enfrentou noticias de que teria oferecido ouro e
perfumes, em uma oferenda a Iemanjá, no inicio do ano passado, tem sua volta muito
aguardada, para nós leigos e, felizmente, não envolvidos nas maracutaias, mas
para os sabidos afogados, lamacentos de corrupção.
O empresário sem curso superior, caso oferecerem a
oportunidade de fazer uma famigerada delação, certamente não hesitará e
lembrará de muitos parceiros. Como diria a compositora Sarajane: “Vamos abrir a
roda, enlarguecer...” para que o espaço não seja desculpa para as prisões em
massa que ainda teremos.
É Claudio, está preso, voluntariamente, teve a cabeça (de cima) RASPADA (que remete a momentos pavorosos da nossa história), vejamos se vai delatar, o quão explosivos serão os desdobramentos de sua prisão..
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