Lançada em 2017, série “13 Reasons Why” parece inspirar versão blogueirinho, youtuber de Temer
Imagem: Cartum de Carol Andrade
Protagonizada pela dupla de atores Katherine Langford e Dylan Minnette, a série, de produção original do sistema de streaming Netflix, “13 Reasons Why” conta a estória de Hannah Beker, garota que, após cometer suicídio por sofrer bullying na escola, deixa gravado um diário em áudio, com 13 fitas cassetes, em que aponta as razões e as situações que levaram a se matar. Cada fita, com seus lados A e B, é dedicada a uma pessoa, de seu convívio escolar, que ela julga ter colaborado com a decisão de tirar a própria vida. A produção, lançada em 2017 e baseada no livro best-seller Os 13 porquês, de autoria do estadunidense Jay Asher – escritor de romances contemporâneos para adolescentes –, conta com duas temporadas disponíveis no sistema Netflix e atraiu majoritariamente os espectadores jovens não apenas por levantar temas como suicídio e bullying, assuntos tão próximos desse público, como também pelo bom roteiro que flerta entre drama e suspense.
Michel Temer parece ter se inspirado na obra e, no início do mês, protagonizou aquela quer seria a versão política e brasileira da série em sua conta no Twitter. Na rede social, a equipe de comunicação do presidente-nosferatu publicou três vídeos, em que ele aparece pedindo para que o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, e o candidato a presidente do Brasil na chapa do PT, Fernando Haddad, falem o que ele considera ser a verdade sobre seu (des)governo. Com os títulos “@geraldoalckmin: fale a verdade” e “@geraldoalckmin: peço novamente que honre com a verdade”, os dois primeiros vídeos publicados no corpo de tweets – nome dado a cada publicação feita no Twitter – reforçam que o “Centrão”, grupo de partidos que dão corpo à candidatura tucana, esteve com o (des)governo Temer (clique!) na figura de ministros de Estado e de apoio parlamentar no Congresso, e destacam como o “PSDB me ajudou [Michel Temer] no governo”, apesar de Geraldo Alckmin se colocar à oposição – movimento eleitoral e natural, já que se trata de um governo com impopularidade alta. No caso de Alckmin, e traçando analogia à série, o presidente-nosferatu apresentou o lado A e B da “fita” reservada ao tucano.

Na série de tweets com vídeos, Temer dedicou um ao ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, em que pede para que “@Haddad_Fernando: fale a verdade” . No vídeo, o presidente-nosferatu questiona Haddad e seus “companheiros” quanto ao discurso de que ele é “golpista” e crítica a posição petista contrária à contrarreforma trabalhista, aprovada sob a gestão temerária. Em outro trecho do vídeo, Temer ainda recomenda que Haddad faça a leitura da Constituição Federal. Ao finalizar, o presidente-nosferatu dispara "Tome cuidado, Haddad". Como não houve outra publicação após o vídeo endereçado à Haddad – por conta do ataque a Jair Bolsonaro (clique!) –, pode-se dizer que se trata apenas do lado A da “fita” do petista.
Diferente de Geraldo Alckmin, que respondeu ao vídeo afirmando que Temer “xinga muito”, o PT fez que não viu Temer fazer valer o meme (reproduzido abaixo) em que aparece apreensivo com as “fitas” dos irmãos Batista e aproveitar-se do final de seu (des)governo para alimentar suas contas nas redes sociais. Antes da versão blogueirinho/youtuber, Temer é a personificação do desastre com sua agenda econômica-social e os laços obscuros.

A pouco mais de três meses do fim, o (des)governo Temer carrega a pecha de ter defendido e elaborado, entre outras propostas “antipovo”, o congelamento de investimentos e os cortes em programas sociais, na Emenda 95, e a precarização das relações de trabalho, com a terceirização irrestrita e a facultatividade de direitos trabalhistas, incluindo a assinatura em carteira e, com ela, a rede de seguridade – leia-se benefícios (clique!). O (des)governo Temer também  é responsável pela dita intervenção no estado do Rio de Janeiro, que levou à morte brutal de uma vereadora – há 179 dias, quando da produção deste artigo, sem esclarecimentos de “quem matou Marielle e Anderson?” (clique!) –, quando observou não ter número suficiente de votos para aprovar sua contrarreforma da Previdência Social (clique!).
Imagem: Cartum de Carol Andrade

A coluna Radar, da revista VEJA, publicou que os vídeos são respostas públicas de Temer aos presidenciáveis que o criticam. A considerar que até mesmo Henrique Meirelles, candidato do MDB – partido do presidente-nosferatu –, tece críticas ao atual (des)governo, do qual envergonha-se ao ponto de recordar o tempo em que chefiava o Banco Central durante os governos do ex-presidente Lula e esconder que recentemente chefiou o ministério da Fazenda, Temer fará vídeos para todos os candidatos.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)

A título de curiosidade: são 13 presidenciáveis, o mesmo número de fitas gravadas por Hannah Beker em “13 Reasons Why”.

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Claudio Porto

Jornalista independente.

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