Semana de classificação do Brasil na #Rússia2018noJC e de agitações internas no...Brasil

Candidata à presidência da República “atropelada” em programa de entrevista, decisões no Congresso Nacional e “Supremo voltando a ser Supremo” embalaram a última semana antes das oitavas de final da Copa do Mundo FIFA Rússia 2018, que se inicia neste sábado (30) com cobertura completa de Jovens Cronistas!(clique!).

“Manu na Roda”. Parece que a mudança no comando do tradicional programa de entrevista Roda Viva, da TV Cultura, visando à cobertura das eleições deste ano pelo canal público, não deu muito certo. Em março passado, a direção da emissora decidiu trocar o jornalista Augusto Nunes, conhecido por seu posicionamento contrário a partidos de esquerda e que comandou o programa por cinco anos (2013-2018), pelo também jornalista Ricardo Lessa, atual apresentador do semanal.

A pouco mais de três meses do pleito de outubro, a mídia já deu o “start” a cobertura com entrevistas, sabatinas e encontros entre os pré-candidatos. Com o programa não é diferente. O Roda Viva tem entrevistado os postulantes ao cargo de presidente da república. Na edição de segunda-feira (25), o Roda recebeu a pré-candidata do PCdoB, Manuela D’Ávila, para o que deveria ter sido uma entrevista. Porém, ao final, os números dão conta para ao menos 40 interrupções à fala da candidata comunista e muita repercussão nas redes sociais.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)
Se na cabeça dos ditos entrevistadores (entre eles, Frederico D’Ávila, um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro) a candidatura de Manuela D’Ávila representa o passado e ideias que ferem suas convicções pessoais, nas redes sociais o apoio ao direito de retratação à deputada estadual no estado do Rio Grande do Sul é grande e ele vem de todas as partes.  Ainda nas redes sociais, a também candidata à presidência da República Marina Silva (REDE), interrompida apenas três vezes na recente entrevista que deu ao programa - de acordo com o jornal Folha de S. Paulo -, se solidarizou com a candidata pcdobista, publicando que ninguém “pode sofrer interrupção de suas falas no ato de expor suas propostas e ideias, pelo bem de uma cultura de paz e pelo bem do país”.


Manuela não deve ter sua foto nas urnas em outubro. Ao menos não no momento em que o eleitor for votar no próximo presidente da república. A candidatura do PCdoB vai à esteira de muitos outros partidos que também lançaram candidaturas por desorientação partidária. O fato de o horizonte político estar nebuloso, muito por conta das operações de investigações, levou a difusão de postulações.

Apesar da quase certa desistência em apoio à outra candidatura mais forte no campo da Esquerda, Manuela ainda é pré-candidata por um partido político, tem ideias e propostas, carrega bandeiras louváveis e merece ser ouvida.

Congresso junino. Em ritmo de quadrilha (dança típica de festas juninas e julinas) e nos embalos dos santos católicos São João, São Pedro e São Paulo, a Câmara Federal aprovou, em comissão especial, o PL 6299/2002, que flexibiliza a produção, comercialização e altera regras para o registro de agrotóxicos no Brasil. O relatório ainda retira a influência das agências de fiscalização sobre o uso de venenos na produção de alimentos.
Imagem: QUADRINSTA (@Quadrinsta no Instagram e no Twitter)
Sob pouca discussão e muito lobby da bancada ruralista, o texto do deputado Luiz Nishimori (PR-PR), relator do tema na comissão, foi aprovado por 18 votos favoráveis a 9 contrários na segunda (25) e segue para votação no plenário da Casa.

De autoria do atual ministro da agricultura Blairo Maggi (PP-MS), quando era senador da república, o projeto encerrou sua caminhada no Congresso na votação de segunda. Ao menos é o que comentam interlocutores próximos ao presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo eles, é arriscado pautar o assunto em ano eleitoral. A propósito, a seguir essa lógica – frequentemente difundida – e tendo como base que nada de relevante para sanar os reais problemas do país foi aprovado, parece ser arriscado definir a pauta em ano eleitoral, seja ela qual for.

Supremo dando o que falar. “Não. Não é razoável o título deste tópico. A justiça é quem deu o que falar”. As aspas são de autoria anônima, mas está coberta de razão. Os movimentos da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal que levaram à suspensão da condenação de José Dirceu, ex-ministro de Estado, e à libertação do ex-tesoureiro do PP, João Cláudio Genu, representaram um breve respiro do Estado Democrático de Direito, aquele que não se deixa levar por posições ideológicas.

A “libertação” de Dirceu, condenado a trinta anos e nove meses de regime fechado, não se deu porque ela foi executada após apreciação do colegiado gaúcho do TRF-4, a tal segunda instância, mas porque há um recurso da defesa questionando a dosimetria utilizada na pena, ou seja, solicitando a redução da pena, no Superior Tribunal de Justiça – STJ. A argumentação também foi usada no caso de Genu.

A decisão do STF tem previsão legal e constitucional, já que o cumprimento da pena só deve acontecer após o trânsito em julgado, como conta no inciso 57 do Artigo 5º da Carta Magna.

“Breve respiro” que veio após uma série de articulações do TRF-4 e STF para impedir a liberdade e candidatura do ex-presidente Lula. A defesa de Lula havia impetrado semelhante recurso na 2ª Turma, porém, com receio de derrota no colegiado, o ministro-relator da Lava Jato no Supremo, Luiz Edson Fachin, repassou o pedido para votação em plenário, onde costuma ter maioria, além de poder contar com o apoio da ministra Cármen Lúcia, presidente e “dona” da pauta no STF. 

O recurso de Lula, tudo indica, deve ser apreciado em setembro, quando a presidência estará sob o comando do ministro Dias Toffoli. Até lá, há o chamado recesso forense no STF, que inicia neste final de semana e vai até o início de agosto, e o último mês de Cármén.  


Aceitamos críticas e sugestões. Para isso, deixe sua opinião na seção "comentários" logo abaixo. Pedimos também que compartilhe nosso conteúdo pelas redes sociais!



Compartilhe:

Claudio Porto

Jornalista independente.

Deixe seu comentário:

2 comments so far,Add yours

  1. Grande texto como sempre Claudio, perfeita a observação sobre Dirceu e no tocante a Manu, realmente foi constrangedor ver aquilo, patético sobre todos os aspectos, tanto no que diz respeito a democracia e a pluralidade, quanto em relação ao que a própria TV Cultura representou nesse sentido um dia, triste fim.

    ResponderExcluir
  2. "Triste fim".

    Agradeço pelo comentário.

    ResponderExcluir