Acompanhamento semanal do mandato de João Dória à frente da Prefeitura de São Paulo. O Gestor, como ele bem frisa, tem muito trabalho no comando da maior cidade da América do Sul, e estamos atentos a suas ações. Portanto, todo sábado, trazemos aqui um compilado da semana de Dória.




53ª Semana de picuinha com viaduto à maquiagem em números 

A primeira semana do ano carrega resquícios do ano que passou, melhor, da última sexta de 2017, quando o então prefeito em exercício, vereador Milton Leite (DEM), sancionou o projeto de lei que dá o nome de Marisa Letícia ao viaduto que liga a Avenida Luiz Gushiken à estrada do M'Boi Mirim, em Santo Amaro, na Zona Sul. 

À principio, a bancada do PT na Câmara pretendia homenagear a ex-primeira dama do Brasil, e mulher do ex-presidente Lula, nomeando o prolongamento da Avenida Chucri Zaindan até a rua Laguna, ainda em obras na região do Brooklin, área nobre da Zona Sul. Após resistência da base aliada de Dória, inclusive apoiada por ele, os vereadores petistas não conseguiram votos suficientes para a aprovação da medida e aceitaram nomear outra obra para “não sair de mãos abanando e não prejudicar os outros vereadores. Finalmente, dona Marisa será homenageada”, explicou o vereador Reis (PT), autor da proposta na Câmara. 
Imagem: Chargista Adolar / Painel do jornal Folha de S. Paulo
A nomeação do viaduto em Santo Amaro foi aprovada no início de dezembro pelos vereadores, e sancionada enquanto o prefeito estava de férias. O vereador e prefeito em exercício, Milton Leite (DEM), sancionou o pacote de nomeações, que além do viaduto renomeia a Praça da Sé para “Praça da Sé-Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns” e altera o nome da Praça Salvador Allende, no Jardim Previdência, para “Praça Sagrado Coração de Jesus”. Havia a promessa de um cerimonial de inauguração e entrega do viaduto para a quarta-feira (03). Dória, o “anti-Lula” pela revista Istoé, cancelou o cerimonial e ordenou a abertura do viaduto para os veículos já na terça-feira (02). 

Aberto para os veículos, o imbróglio sobre o viaduto recaí, agora, sobre a placa de pantogravura, com informações das autoridades envolvidas na obra, incluindo o nome dado ao viaduto, que Doria resiste em instalar na via. Na Câmara, o vereador Fernando Holiday (DEM), do dito Movimento Brasil Livre, e parceiríssimo do prefeito, entrou com um pedido para a revogação da medida que denomina o viaduto com o nome da ex-primeira dama. 

Para o cronista, Dória polemizou algo que, sim, intencional e propositalmente veio para atingi-lo (e o atingiu) politicamente. O cronista acreditava que ele se sairia melhor, por ser um homem do ramo comunicacional. Mas não. Dória, que poderia ter mantido o evento e inaugurado mais uma obra de sua gestão, enaltecendo os benefícios e vantagens com a chegada do viaduto, preferiu lançar notas de resistência a decisão da Câmara e, pior, tal qual um garoto birrento, cancelou o cerimonial, deixando claro que este ano também será de muitas polêmicas e trapalhadas. 

O erro em não ter inaugurado o viaduto e cancelado o evento, veio em forma de uma espécie de “karma” para o prefeito. Com a abertura da via, os problemas já começaram a aparecer. Falta de placas de sinalização e passagem para pedestres, que terão de se arriscar entre os veículos, são alguns dos erros já apontados pelos usuários do novo viaduto, em Santo Amaro. 

O prefeito ainda, de certa forma, deu brecha para uma polêmica futura. É que ele está para sancionar o projeto de lei que dá o nome da ex-primeira dama Ruth Cardoso, falecida mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do partido de Doria, a um trecho da Avenida das Nações Unidas, na Zona Sul. E, certamente, promoverá um evento pela nomeação da via. 

Ainda em ritmo de sanções, Doria voltou com a “corda toda”. Aproveitou a semana para sancionar a medida que proíbe alimentos embutidos na merenda da rede municipal de ensino. Entre os alimentos proibidos está a salsicha, sem erro, adorada e venerada por todo estudante de rede pública, principalmente quando preparada e servida com macarrão ao molho, sempre de tomate. Se em 2017, Dória marcava à caneta crianças para evitar a repetição de merendas, este ano ele inicia um fascínio tucano: mexer com a merenda escolar. Neste caso, especialistas garantem que a sanção é pertinente, já que é considerado importante instruir a educação alimentar na escola. Dória vetou apenas o ponto que proibia o preparo de embutidos inclusive em comemorações realizadas pelas creches e escolas da rede municipal de ensino. Portanto, os embutidos deixam a merenda escolar já a partir deste ano, com exceção de ocasiões festivas, ou seja, esporadicamente.

Ao lado do fim dos embutidos está a proibição da comercialização de Narguile, incluindo acessórios como essência, para menores de idade em toda a cidade. Comerciantes pegos vendendo o “cachimbo de água egípcia”, como é chamado oficialmente o produto, pagarão multa, que pode chegar a 10 mil reais, além de correr o risco de ter o estabelecimento lacrado pela Prefeitura, em caso de reincidência.

Outra polêmica que promete se estender, o reajuste na tarifa dos transportes da cidade, em vigor a partir do próximo domingo (7), teve capítulo com direito a ato falho esta semana. Em entrevista à rádio Eldorado, na quinta-feira (4), Dória disse que a alteração no valor da passagem, o aumento de 0,20 centavos – a tarifa passa de R$ 3,80 para R$ 4,00 –, além de estar abaixo da inflação, “facilita o troco” (clique aqui e ouça o que disse o prefeito).
Para Doria, que, em dias “ruins”, chega ao trabalho, no Edifício Matarazzo, em seu helicóptero, 0,20 centavos de reajuste em um sistema de transportes falho, ruim, sem fiscalização sobre empresas baseadas em milícias, e que está sob contrato emergencial, gerando ônus à Prefeitura, não é motivo para manifestações como a programada pelo Movimento Passe Livre para a próxima quinta (11), e mais, “facilita o troco”. 

Ainda na semana, Dória viu estampado nas manchetes dos jornais e portais de internet a seguinte afirmação: “Prefeito matricula crianças em creche ainda em obras”. A imprensa repercutiu a falta de compromisso que tem levado o prefeito a bancarrota nas pesquisas de avaliação. Dória, que já tinha retirado o transporte e o leite de alunos da rede municipal, os marcado com caneta esferográfica azul para inibir a repetição da merenda, e apresentado números contestáveis na criação de vagas nas creches, conseguiu superar-se e, através de sua Secretaria de Educação – SME -, matriculou 206 crianças em uma creche inacabada, sem telhado nem paredes, no Butantã, Zona Oeste. De acordo com a SME, são 26 obras de creche por toda a cidade. 

Entrevistados tanto pelo portal Rede Brasil Atual e G1, alguns pais questionam se a redução na fila por vagas, tão alardeado por Dória e com controvérsias, não teria sido sustentado por matrículas em locais ainda em construção. Para eles – o cronista também acredita nisto -, o prefeito reduziu a fila de crianças, ou melhor, maquiou a fila de crianças em busca de vagas em creches matriculando alunos em locais que não passam de canteiros de obras.

Em suas redes sociais, a semana foi de publicações mostrando as realizações da gestão em todo o ano passado. Já no sábado (06), não muito diferente do ano velho, lá estava Dória com sua camiseta branca do Cidade Linda, em mais uma etapa do programa, a primeira deste ano, no Campo Limpo, Zona Sul da cidade. 


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Claudio Porto

Jornalista independente.

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